Henrique de Senna Fernandes (HSF) continua a ser o escritor macaense mais prolífero e é, de todos quantos têm tido Macau como referente de escrita, o mais representativo do território na sua especificidade histórica e cultural. O presente ensaio, seguindo procedimentos metodológicos próprios da sociologia da literatura, é uma viagem pela obra de HSF, confrontando-a com tradições literárias representadas no território, para as quais a obra igualmente remete. No exercício deste processo analítico, procurou- -se averiguar, adicionalmente, a virtualidade do paradigma pós-colonial, ora em voga nas ciências sociais e humanas na análise da respectiva obra, de que se concluiu que tal paradigma, dada a especificidade do território e a sua influência nos processos de escrita, seria de pouco préstimo para a avaliação da obra literária de HSF. Do processo analítico globalmente considerado, pôde-se assim concluir que a escrita de HSF não é redutível a qualquer das tradições literárias em apreço. HSF é um escritor que, no cômputo do que se poderá considerar como literatura universal, vale por si próprio.