A pirataria é um fenómeno que se mantém presente, de uma forma quase constante, na história de Macau, entre os séculos XVI e XX, assumindo contornos políticos, económicos e sociais específicos consoante as diferentes conjunturas que atravessou. Num quadro temporal que se estende de meados do século XIX a meados do século XX, e num contexto geográfico centrado na região do Delta do Rio das Pérolas, ensaiamos uma abordagem à actividade dos piratas enquanto fenómeno social, a partir da análise de conteúdo das notícias publicadas na imprensa escrita de Macau, entre 1864 e 1933. Com esta finalidade, naquele contexto espácio-temporal, as práticas de pirataria são equacionadas em função das identidades (re)construídas dentro do grupo e na relação com os outros grupos; do espaço social que ocupavam na formação económico-social em que se inseriam; das relações de poder que estabeleciam com os movimentos de cumplicidade e de repressão política e social.