Símbolo de fecundidade, de renovação e da perenidade da natureza, reconhecidas por muitas culturas como avatares dos deuses, as plantas estão na base de mitos e lendas com que os grupos humanos primordiais explicaram o retorno da vida. Atribuíram-lhes simbolismos que perduram até hoje; contudo, quando se trata do Shi Jing, a interpretação desses símbolos varia conforme os leitores e os fins a que se destina a leitura deste Clássico. Antologia de poesia, registos históricos ou manual de moral e costumes, todos esses subtítulos farão justiça ao 詩經 Clássico da Poesia ou Clássico das Odes. Ao longo dos séculos os comentadores não deixaram de sublinhar os valores que intentavam realçar. A ciência de hoje vem em socorro desses estudos, iluminando as espécies da flora consagradas na literatura à luz da botânica e de novas abordagens da etnobotânica.
Em 2015 foi atribuído o prémio Nobel da medicina à cientista chinesa Tu Youyou, pela descoberta de novas terapias no tratamento da malária. A farmacologista descobriu Artemisinina, o componente activo da planta artemísia. Do encontro da milenar medicina chinesa com a moderna bioquímica a ciência produziu um novo medicamento. Confirma-se que, no herbário do Shi Jing, nem uma só espécie é insignificante