João de Barros, humanista e orientalista, cronista coevo da expansão portuguesa no seculo XVI, fala-nos da China desse tempo de encontro com novos mundos, especialmente na Terceira das suas Décadas da Ásia. Este país do Oriente extremo é tratado com enlevo, manifestando grande admiração por essas distantes terras e gentes, o que o conduziu a baptizar a China como Império Florido do Meio.
João de Barros foi nos idos de quinhentos o primeiro português a ver editar na Europa uma obra com imagens da China, tendo para isso recorrido a varias fontes, nomeadamente a documentação que lhe foi trazida directamente do país e a relatos de navegantes, missionários, comerciantes e outros aventureiros lusos que frequentaram o Oriente, como Fernão Peres de Andrade. E, por certo, Barros também trocou impressões ou conheceu os relatos de Fernão Mendes Pinto.
João de Barros tem um estilo muito pessoal, burilando a escrita de forma simultaneamente erudita e elegante, apesar do uso de longos períodos, tendo-se revelado um notável artista da língua portuguesa. Compara a China com a Europa, em vários aspectos, indicando semelhanças e diferenças resultantes dessa visão contrastiva.
Mas antes de serem referidas as imagens da China Ming construídas por Barros na sua Terceira Década da Ásia, apresenta-se uma breve nota biográfica de João de Barros e faz-se um incurso pela sua vasta e diversificada obra, que vai do romance de cavalaria a História, passando pela moral, doutrina e ensino da língua e gramática portuguesas.