Este novo texto continua a explorar a possibilidade de um método comparativo crítico, aplicável à filosofia/história das ideias ocidentais e chinesas. Partindo das reflexões de Max Weber sobre o desenvolvimento dos instrumentos musicais e a sua relação com o avanço do que chama de “racionalidade” no Ocidente, considera o caso da cítara chinesa. Além disso, refere-se aos conceitos elaborados por Theodor Adorno para explicar sua visão da música na sociedade europeia da primeira metade do século XX, tentando compreender as peculiaridades da prática e apreciação musical entre os literati chineses.
Nesse sentido, as diferenças de contexto histórico e social, de valores culturais e de visões de mundo oferecem intuições sobre a música não-Ritual chinesa, isto é, a música diferente daquela praticada no cerimonial “público” chinês. Enquanto passatempo convivial, os literatos-burocratas cultivam a música sob a dupla condição de amadores e de connaisseurs, o que não apenas deixa claras as peculiaridades da produção e reprodução do gosto artístico na China antiga, mas também as dificuldades de se criar vogas e tendências análogas as dos estilos de época europeus.