Macau no Século XIX

Macau no Século XIX

Poço na rua de S. Lourenço - George Chinnery (1744-1852) Pena sobre papel; 38,4 x 31 cm.. (Col. Museu Luís de Camões)

É este número de RC dominado pelo conjunto monográfico de temas sobre Macau do século passado: os governadores e a marca das suas obras, a cidade e a sua evolução, os costumes e a sociedade, a vida económica e os infortúnios e faustos do comércio, o tráfico de cules e o ópio, a cidade cristã e a cidade chinesa. É a vida e a história do Território em oitocentos, vista e feita por alguns dos seus mais ilustres artistas e visitantes: Comodoro Perry, Georges Bousquet, Karl von Scherzer, Conde de Arnoso, George Chinnery, Robert Elliot, Hildebrandt, Thomas Watson, Auguste Borget. Completam-se os testemunhos coevos com as reconstituições e os comentários dos historiadores e dos investigadores de hoje, em textos assinados por Manuel Teixeira, Benjamim Videira Pires, Jorge Dias e João Guedes, ao lado dos contributos de Eça de Queirós e Andrade Corvo chamados também à colacção. Procurámos, porém, que a narrativa textual caminhasse ao longo das páginas de par com um discurso visual capaz de inculcar, no leitor de hoje, uma representação impressiva da paisagem real desses tempos: a comédia social animada nos pequenos cenários urbanos, com os seus tipos, os seus recortes, os seus costumes e gestos habituais e típicos, a subtileza das ambiências, o pulsar e as modorras do ritmo, as claridades e as sombras, a alma latente nesse pequeno e singularíssimo universo. Sob os grandes planos gerais que nos elevam a miradouros virtuais da cidade oitocentista, a nossa câmara descende, percorre e detém-se, aqui e ali, no labirinto da cidade, para nos dar em esboços simples os pormenores do quotidiano palpitante. Prevenimos pois: toda a sequência que desfila em banda nos "lambrins" das páginas saiu do lápis fulgurante de Chinnery e foi por nós de propósito depurada, com perca de outros elementos, ao traço essencial servente de "cinetografia" pretendida. Obriga-nos um agradecimento especial ao Presidente do Leal Senado e ao Dr. António Pedro Pires (Conservador interino do Museu Luís de Camões) pela cedência de todos os materiais ilustrativos, que nos permitem este trabalho e a divulgação de imagens, muitas delas raras e desconhecidas, de Macau do Século XIX.

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até a p.