Pérsia, China e Índia - três civilizações antigas que floresceram no vasto continente asiático - cada uma com o seu rico património, realizações artísticas e tradições musicais distintas. Os seus modos, tal como as suas escalas, formas, géneros e práticas são surpreendentemente diferentes, reflectindo contextos antropológicos únicos, expressando significados e emoções com uma profundidade e nuance notáveis. No entanto, partilham uma caraterística comum: a centralidade da improvisação. Na Pérsia, os Dastgahs e na Índia, as Ragas, baseiam-se em modos específicos e motivos melódicos, fornecendo uma base para a improvisação, cada um incorporando a sua cor própria e essência emocional. Do mesmo modo, na música tradicional chinesa, a improvisação é uma técnica altamente valorizada, com as suas variações tonais, ornamentos e modulações rítmicas. A capacidade para improvisar é uma ferramenta fundamental na arte de um músico. Neste concerto, um trio de músicos do mundo reunidos em exclusivo num novo projecto, brindar-nos-á com um serão pleno de improvisações, misturando na perfeição três tradições musicais, prometendo uma experiência contrastante se comparada a um concerto clássico.
Cada um dos artistas tocará um instrumento representante da essência das suas tradições e identidades musicais. O kamancheh, amplamente tocado no Irão e na Ásia Central, é um instrumento de cordas de braço comprido, tocado com arco. Kamancheh significa “pequeno arco” em persa. A sua caixa de ressonância esférica é feita de cabaça ou madeira, coberta com pele de cabra ou de peixe e tem um espigão no fundo. Os kamanchehs modernos têm geralmente quatro cordas metálicas.
A pipa, um instrumento tradicional chinês de cordas dedilhadas com uma caixa de ressonância achatada em forma de meia-pêra, é geralmente construída em madeira, com dois tampos ligados entre si, com os trastes localizados tanto no curto braço como na caixa de ressonância a definirem os tons. Ao longo da sua longa história, a pipa assumiu várias formas, mas a versão moderna tem geralmente quatro cordas. É tocada na posição vertical, com uma mão a pressionar as cordas enquanto a outra, muitas vezes com unhas artificiais, as dedilha. Antes da dinastia Tang, o termo “pipa” designava todos os instrumentos semelhantes ao alaúde.
A tabla indiana é constituída por um par de tambores de uma só cabeça. O mais pequeno e agudo, feito de teca ou pau-rosa, é tocado com a mão direita e chama-se “tabla” ou “dayan”. O maior, de som grave, tipicamente feito de latão ou cobre, é tocado com a mão esquerda e chama-se “bayan”. As suas diferenças de tom variam geralmente entre uma quinta e uma oitava. As peles dos tambores, feitas de couro animal (geralmente cabra), são esticadas através de bandas, com cunhas de madeira inseridas entre as bandas e o corpo para ajustar a tensão, modificando as tonalidades e os timbres. Uma pasta preta, composta por farinha, pó metálico e água, é aplicada no centro das cabeças de tambor para amortecer as dissonâncias e produzir sobretons harmónicos. O tocador bate com os dedos e as palmas das mãos em diferentes partes das cabeças dos tambores, criando um conjunto complexo de ritmos e timbres.
Por Danni Liu