The musicAeterna Orchestra

Programa


27/10

N. Rimsky-Korsakov (1844-1908)
Scheherazade, op. 35
I.   O Mar e o Navio de Sinbad
II.  A História do Príncipe Kalender
III. O Jovem Príncipe e a Jovem Princesa
IV. Festival em Bagdad. O Mar. Naufrágio do navio nos rochedos encimados por um cavaleiro de bronze

Intervalo

S. Rachmaninoff (1873-1943)
Sinfonia N.º 2 em Mi Menor, op. 27
I.   Largo – Allegro moderato
II.  Allegro molto
III. Adagio
IV. Allegro vivace


28/10

S. Prokofiev (1891-1953)
Concerto para Violino N.º 1 em Ré Maior, op. 19
I.   Andantino
II.  Scherzo: Vivacissimo
III. Moderato – Allegro moderato

Intervalo

S. Prokofiev (1891-1953)
Sinfonia N.º 5 em Si Bemol Maior, op. 100
I.   Andante
II.  Allegro marcato
III. Adagio
IV. Allegro giocoso

Notas ao Programa
27/10

N. Rimsky-Korsakov: Scheherazade, op. 35

A suíte sinfónica Scheherazade é talvez a obra mais conhecida do compositor russo Rimsky-Korsakov (1844-1908). Inspirada nos populares contos árabes As Mil e Uma Noites, esta suíte foi concluída em 1888 e estreada em S. Petersburgo no mesmo ano, sob a batuta do próprio compositor. Rimsky-Korsakov concebeu motivos temáticos com uma personalidade própria para os dois protagonistas: a bela e inteligente Scheherazade e o implacável e majestoso Sultão. Estes motivos temáticos manifestam-se primeiramente na introdução e percorrem, depois, toda a suíte, estabelecendo um elo entre os andamentos e revestindo a obra de um sentido de coesão.

O primeiro de quatro andamentos desta suíte é uma sonata sem secção de desenvolvimento, realçando as viragens surpreendentes e imprevisíveis do oceano e da experiência da navegação. Com o arpejo dos violoncelos como acompanhamento, os violinos e os sopros conduzem ao primeiro tema, o qual representa o mar e evolui a partir do tema do Sultão, seguindo-se o segundo tema, que evoca navios a sulcar os mares para simbolizar Sinbad e inclui elementos do tema de Scheherazade.

Adoptando uma forma ternária, o segundo andamento relata a aventura de príncipes que se converteram em monges errantes. Cada secção desenvolve o tema através do uso de variações, proporcionando um acentuado toque oriental através de uma harmonia e orquestração fulgurantes.

Assumindo igualmente a forma-sonata sem a secção de desenvolvimento, o terceiro andamento apresenta um primeiro tema em cordas em Sol maior, retratando o belo e apaixonado príncipe árabe e um segundo tema com características de uma dança, retratando a graciosa princesa através da alternância entre os sopros e as cordas em Si bemol maior e os ritmos ornamentais das tarolas e dos triângulos. A alternância e a complementaridade dos dois temas manifestam o belo sentimento de amor que une a dupla.

O quarto andamento final é uma combinação de todos os temas anteriores, que transporta a suíte ao seu clímax com as suas múltiplas e complexas conotações musicais. Esta suíte exemplifica na perfeição a soberba técnica de orquestração do compositor, retratando minuciosamente a atmosfera exótica e esplêndida do Oriente.


S. Rachmaninoff: Sinfonia N.º 2 em Mi Menor, op. 27

Escrita entre 1906 e 1907, a Sinfonia N.º 2 em Mi Menor (op. 27) foi dedicada ao compositor russo Sergei Taneyev (1856-1915) e estreada em S. Petersburgo em 1908 sob a batuta do próprio compositor. Após o fracasso da sua Sinfonia N.º 1 em Ré Menor em 1897, Rachmaninoff só voltaria a compor neste género dez anos mais tarde, tendo então o imenso êxito desta peça permitido ao criador recuperar a confiança como compositor sinfónico.

Esta obra titânica abrange quatro andamentos. O primeiro assume a forma-sonata com uma introdução longa, lenta e magnífica, transmitindo uma impressão geral opressiva e sombria. O segundo andamento em Lá menor caracteriza-se pela sua comicidade, revelando a mestria do compositor a nível da direcção de orquestra. Se nos dois primeiros andamentos só brevemente conseguimos percepcionar o toque sentimental emblemático de Rachmaninoff, o terceiro andamento em Lá maior evidencia plenamente o talento lírico do compositor. Por entre amplas e longas linhas melódicas, a textura espessa e variada do agrupamento, as significativas reviravoltas dos semitons e a aplicação engenhosa da harmonia, é-nos possível entrever o entrelaçamento da amargura e da doçura, da melancolia e da tristeza, transcendendo a palavra e comovendo-nos profundamente, numa representação perfeita do singular carácter romântico de Rachmaninoff. No quarto andamento em Mi maior, as ideias temáticas dos andamentos anteriores vão reaparecendo uma vez por outra, realçando, em certa medida, a coerência da sinfonia e encaminhando a mesma para a sua coda magnífica e triunfal.



28/10

S. Prokofiev: Concerto para Violino N.º 1 em Ré Maior, op. 19

Sergei Prokofiev (1891-1953) escreveu o seu Concerto para Violino N.º 1 em 1917, quando a Rússia estava em pleno estado de intensa turbulência política e social, mas também coincidiu ser o ano mais prolífico da vida do compositor: para além deste concerto, Prokofiev escreveu ainda a Sinfonia N.º 1, as Sonatas para Piano N.º 3, e N.º 4, a suíte para piano Visões Fugitivas e o Concerto para Piano N.º 3. O seu primeiro concerto para violino estava previsto para o mesmo ano em Petrogrado, mas, por vários motivos, o concerto foi apenas estreado no Palais Garnier, no dia 18 de Outubro de 1923, enquanto Prokofiev estava em Paris.

Apesar de abranger três andamentos, tal como nos concertos clássicos convencionais, esta obra apresenta um padrão invertido de “lento-rápido-lento” em vez do convencional “rápido-lento-rápido”. No primeiro andamento, que arranca com uma imprecisão ilusória, o violino solo entoa o primeiro tema lírico por entre o suave vibrato das violas, seguindo-se a entrada gradual das madeiras que vão estabelecendo um diálogo com o violino. O segundo tema em Dó maior apresenta um tom declamatório nítido, devendo, segundo as instruções do próprio Prokofiev, ser “interpretado como se se estivesse a tentar convencer alguém de alguma coisa”. O conciso segundo andamento (em Mi menor) caracteriza-se por um forte virtuosismo, assinalando um marcado contraste com o primeiro andamento e o último: é lúdico, combativo, desregrado, enérgico, precipitado e frívolo, representando o estilo mais emblemático do compositor. O terceiro andamento começa com uma melodia de tom ligeiramente jocoso no fagote, seguida de um solo de violino que lhe confere uma aura mais serena e comovente. O papel do solo alterna constantemente entre o assumir a liderança e o servir de acompanhamento. A música regressa gradualmente à tranquilidade e ao devaneio introduzidos no início e o violino recua com uma série de vibratos cintilantes, deixando a flauta concluir tenuemente o concerto.


S. Prokofiev: Sinfonia N.º 5 em Si Bemol Maior, op. 100

Composta por Prokofiev em 1944, em vésperas do final da guerra entre a União Soviética e a Alemanha, esta sinfonia estreou no ano seguinte no Grande Auditório do Conservatório de Moscovo sob a batuta do próprio compositor, após uma estadia nos Estados Unidos e em Paris e após o regresso ao seu país em meados da década de 1930. O seu estilo musical abandonou o carácter vanguardista da fase inicial da sua carreira para se tornar mais rústico e lírico, com maior ênfase no papel das melodias, embora mantendo ainda os traços combativos, robustos e dinâmicos da sua personalidade.

Evidenciando uma aparente contemporaneidade e um pensamento profundo, esta composição exalta o grande poder e a nobreza da humanidade e é amplamente considerada a sinfonia mais notável de Prokofiev. O primeiro andamento desencadeia um heroísmo firme e imponente, um espírito épico com um ritmo compassado, uma ampla atmosfera e uma aura épica. O segundo andamento, um scherzando, evidencia o humor, o sarcasmo, a rebeldia e o absurdo característicos de Prokofiev, o qual, por meio de variações na orquestração e no ritmo opera uma série de transformações intrigantes no peculiar tema principal, em contraste com a secção intermédia, que evoca um ambiente pastoral refrescante e também uma fascinante cena de dança. O terceiro andamento é típico do lirismo de Prokofiev, revelando todo o seu talento melódico. O quarto andamento arranca com uma introdução lenta, onde os violoncelos e os contrabaixos interpretam em conjunto o primeiro tema do primeiro andamento. O tema principal, um scherzando animado, surge então repentinamente, levando a música a transitar de um lirismo profundo e persistente para retomar a linha enérgica e estimulante, fazendo-a ascender ao seu clímax quase frenético no final.


Por Danni Liu

Notas Biográficas

Teodor Currentzis, Maestro

Currentzis nasceu na Grécia, onde iniciou os seus estudos de música. Em 1994, ingressou no Conservatório Estatal de S. Petersburgo para estudar com Ilya Musin. É o fundador da Orquestra e Coro musicAeterna, um grupo do qual é director artístico desde 2004. Em 2006, Currentzis co-fundou o Festival Internacional – Escola de Arte Contemporânea “Território”. Desde 2012, é director artístico do Festival Diaghilev, que se realiza em Perm, cidade natal do conhecido empresário. É também maestro titular da SWR Orquestra Sinfónica de Estugarda, desde 2018. Em 2022, fundou a Utopia, orquestra de festivais internacionais, da qual é director artístico.

Olga Volkova, Violino

Em 2016, Volkova ingressou na Orquestra Mariinsky, onde se tornou a mais jovem concertino da mesma. Em 2021, tornou-se a primeira concertino da Orquestra do Teatro Mikhailovsky e a primeira concertino da Orquestra musicAeterna em Setembro de 2022. Como concertino convidada, já colaborou com a Filarmónica Alemã do Noroeste, a Filarmónica Clássica de Bona, a Orquestra Filarmónica Juvenil de Colónia e a Filarmónica das Nações. Volkova venceu vários prémios em concursos internacionais, incluindo o Segundo Prémio do Concurso Internacional de Violino Paganini, em Moscovo, em 2007 (não foi atribuído um primeiro prémio), bem como o Primeiro Prémio e todos os prémios especiais no Concurso Internacional Carl Nielsen, na Dinamarca, em 2012.

The musicAeterna Orchestra

Ultrapassando constantemente os limites das suas capacidades criativas, tanto no campo da música antiga como académica do período clássico, bem como as composições contemporâneas, a musicAeterna é um dos ensembles russos mais requisitados.

Juntamente com Teodor Currentzis, a orquestra anda em digressões frequentes pela Europa e no resto do mundo com espectáculos em inúmeras salas de prestígio, como a Konzerthaus de Viena, a Filarmónica de Berlim, Elbphilharmonie de Hamburgo, Filarmónica de Munique, Filarmónica de Paris, Philharmonie de Colónia, o Auditorio Nacional, o Baden-Baden Festspielhaus e o La Scala.

A musicAeterna é convidada frequente de festivais internacionais como o Trienal de Ruhr, o Klara Festival, Festival de Aix-en-Provence, Festival de Lucerna e Festival Diaghilev. Em 2017, a musicAeterna tornou-se no primeiro ensemble russo a ter a honra de abrir um dos mais prestigiados festivais do mundo em Salzburgo, com a peça La Clemenza di Tito, de Mozart, numa produção dirigida pelo encenador Peter Sellars. Deste então, a musicAeterna tem sido presença assídua no festival.

Sob a batuta de Teodor Currentzis, o agrupamento gravou trabalhos de Mozart, Mahler, Beethoven, Tchaikovsky, Rameau e Stravinsky para a etiqueta Sony Classical. Estas gravações foram distinguidas com prestigiosos prémios musicais como o Echo Klassik, Edison Klassiek, o Prémio Gravação da Academia (Japão), tendo ainda recebido o Prémio de Ópera da Revista de Música da BBC.

The musicAeterna Orchestra

Maestro
Teodor Currentzis

Primeiros Violinos
Olga Volkova (Concertino)
Mikhail Andrushchenko
Olga Artyugina
Dmitry Borodin
Dmitrii Chepiga
Mathias Alexander Hochweber
Aleksandr Kotelnikov
Vladislav Pesin
Elena Rais
Aisylu Saifullina
Yana Shchegoleva
Andrey Sigeda
Mariia Stratonovich
Ivan Subbotkin
Grigorii Tadtaev
Vadim Teifikov

Segundos Violinos
Ilia Gaisin
Artem Savchenko
Robert Brem
Petr Chonkushev
Elena Ivanova
Elena Kharitonova
Emiliia Michurina
Mariia Okuneva
Armen Pogosyan
Inna Prokopeva-Rais
Andrei Rostsik
Milos Stevanovic
Anastasia Strelnikova
Lina Vartanova


Violas
Nail Bakiev
Grigorii Chekmarev #
Marina Antonova
Adel Esina
Mariia Iurina
Liubov Lazareva
Dinara Muratova
Anastasiia Rybina
Andrei Serdiukovskii
Lev Serov
Evgeny Shchegolev


Violoncelos
Miriam Prandi
Alexey Zhilin
Maksim Akchurin
Rabbani Aldangor
Andrei Efimovskii
Dmitrii Ganenko
Aleksandr Kulibabin
Aleksandr Prozorov
Evgeny Rumyantsev
Vladimir Slovachevskiy


Contrabaixos
Artem Chirkov
Hayk Khachatryan
Andrei Shynkevich
Sergei Karachun
Diliaver Menametov
Carlos Navarro Herrero
Margarita Rybkina
Pavel Stepin


Flautas
Anna Komarova
Fedor Chernyshov
Dóra Szabó


Oboés
Maksim Khodyrev
Frol Gerasimov
Andrei Matiukhin
Aleksandr Bykov


Corne Inglês
Aleksandr Bykov

Clarinetes
Sergey Eletskiy
Danila Lukyanov
Georgii Mansurov
Nikita Vaganov


Fagotes
Talgat Sarsembaev
Igor Ahss
Olzhas Ashirmatov


Trompas
Leonid Voznesenskii
Stanislav Avik
Nikolai Dubrovin
Aliaksei Sakovich


Trompetes
Zhassulan Abdykalykov
Nikita Istomin
Pavel Kurdakov


Trombones
Arman Surtayev
Vladimir Kishchenko
Andrei Saltanov


Harpa
Mariia Zorkina

Piano
Andrei Baranenko

Tímpanos
Dmitrii Klemenok

Tuba
Ivan Svatkovskii

Percussão
Aleksei Amosov
Nikolai Konakov
Maksim Sanin
Ekaterina Volosovskaya
Grigorii Zhuravlev



Chefe de Naipe
# Co-chefe de Naipe

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