A Viagem de Chihiro

Joe Hisaishi e a Orquestra Sinfónica Japonesa do Século

Programa

L. v. Beethoven (1770-1827)
Sinfonia N.o 5 em Dó Menor, op. 67
I. Allegro con brio
II. Andante con moto
III. Scherzo. Allegro
IV. Allegro

Intervalo

J. Hisaishi (n. 1950)
DA-MA-SHI-E

J. Hisaishi (n. 1950)
Spirited Away Suite (Suite A Viagem de Chihiro)
I. Um Dia de Verão
II. Aproximação da Noite
III. Os Deuses
IV. Vista da Manhã
V. O Poço Sem Fundo
VI. O Menino Dragão
VII. Sem Rosto
VIII. A Sexta Estação
IX. Repetição
X. O Regresso

Notas ao Programa

L. v. Beethoven: Sinfonia N.o 5 em Dó Menor, op. 67

A Sinfonia N.º 5 em Dó Menor, também conhecida como “Sinfonia do Destino”, é talvez a mais conhecida entre as nove sinfonias escritas pelo grande compositor clássico alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827). Esta peça representativa do seu período intermédio foi composta em 1804-1808 e apresentada pela primeira vez no Theater an der Wien, em Viena, no dia 22 de Dezembro de 1808. O primeiro de quatro andamentos desta sinfonia baseia-se totalmente no familiar “motivo do destino” de quatro notas (“o destino a bater à porta”); o poderoso primeiro tema desencadeia uma aura persistente e indomável, seguindo-se a entrada anunciante das trompas, que transmite o heterogéneo tema do destino e desemboca no segundo tema, de cariz luminoso e lírico. O segundo andamento (em Lá bemol maior) é uma variação dupla: o primeiro tema das violas e dos violoncelos distingue-se pela sua índole ampla e profunda, enquanto o segundo tema dos clarinetes e fagotes incorpora o imponente carácter heróico, sendo que ambos se alternam em seis variações subsequentes. O terceiro andamento, em forma ternária, abrange uma primeira secção composta por dois factores contrastantes: o tema baixo, oprimido e ligeiramente hesitante das cordas e o tema das trompas interpretado pelos sopros com base no padrão rítmico do “motivo do destino”. O trio é escrito no estilo contrapontístico de uma fuga, evocando uma força irreprimível. O final da recapitulação conduz directamente ao glorioso final, o qual assume a forma de uma sonata, em que o primeiro tema arranca com uma marcha triunfal e o jubiloso segundo tema é sobretudo caracterizado pelo ritmo tercinado. O tema das trompas do terceiro andamento reaparece imperceptivelmente quando a secção de desenvolvimento termina. Vários materiais temáticos anteriores são retomados na coda épica, que encerra a sinfonia com 29 acordes de alta intensidade (forte) em Dó maior.

Por Danni Liu
Texto originalmente escrito em chinês

J. Hisaishi: DA-MA-SHI-E

Esta peça foi composta para o álbum a solo α-BET-CITY de 1985 e executada por um pequeno agrupamento, mas, posteriormente, foi reescrita como obra orquestral para o álbum Minima_Rhythm, em 2009. A peça consiste numa combinação de cerca de oito frases geradas a partir do motivo das primeiras peças para violino interpretadas na abertura. Além disso, as mudanças de tom de Lá Maior para Si bemol Maior, transportadas pelos fortes sopros dos metais, transformam a qualidade tonal geral. Na segunda parte da peça, à combinação de oito motivos junta-se um coral de metais, criando um final prolongado e uma música bastante animada e positiva.

O título foi inspirado em M. C. Escher, mas identifiquei-me mais com o seu estilo lógico e humorístico do que com qualquer das suas pinturas.

Por Joe Hisaishi

J. Hisaishi: Spirited Away Suite (Suite A Viagem de Chihiro)

O filme A Viagem de Chihiro ganhou o Óscar de Melhor Filme de Animação em 2003. Como a sua música tem sido muito requisitada internacionalmente desde então, re-compus a banda sonora numa suite sinfónica. A nova peça foi estreada no Japão pela World Dream Orchestra em 2018. A música ilustra uma série de desafios enfrentados por Chihiro, a personagem principal. Por exemplo, quando a jovem se perde num mundo totalmente diferente daquele em que vive, o seu nome muda e os seus pais são transformados em suínos. Alguns dos andamentos desta partitura são agressivos e intensos. Por outro lado, o andamento “A Sexta Estação” representa um lugar entre o mundo real e o submundo, transmitindo as fortes opiniões de Hayao Miyazaki e uma mensagem sobre a importância de estar vivo.

Por Joe Hisaishi

Notas Biográficas

Joe Hisaishi, Maestro

Hisaishi é natural de Nagano, Japão. O seu interesse pela música minimalista despertou quando estudava no Conservatório de Música de Kunitachi. A sua carreira a solo teve início em 1982 com o lançamento do álbum Information. Desde então, Hisaishi lançou quase 40 álbuns, incluindo Minima_Rhythm (2009), Melodyphony (2010) e o mais recente Minima_Rhythm IV (2021).

Desde o início da década de 1980 que Hisaishi foi conquistando o seu lugar enquanto compositor de música para cinema, tendo trabalhado em estreita colaboração com o realizador de filmes de animação Hayao Miyazaki, para quem compôs dez bandas sonoras, incluindo os filmes Nausicaä do Vale do Vento (1984), O Meu Vizinho Totoro (1988), A Princesa Mononoke (1997) e As Asas do Vento (2013). Também ganhou destaque internacional com as suas bandas sonoras para filmes de Takeshi Kitano, como De Volta às Aulas (1997) e Hana-Bi (1998). Em geral, esteve envolvido na produção musical de mais de 80 filmes em todo o mundo. As suas obras têm sido amiúde galardoadas, incluindo o Prémio de Melhor Música para Cinema da Academia Japonesa, em sete ocasiões.

Hisaishi é também requisitado como pianista e regente de orquestra. Em Julho de 2004, assumiu o cargo de director musical principal da Orquestra Sonhos do Mundo da Filarmónica Novo Japão. Os seus ciclos de concertos “Joe Hisaishi apresenta o Futuro da Música” e “Clássicos Orquestrais do Futuro” granjearam-lhe uma enorme popularidade. Durante vários anos, Hisaishi regeu também concertos de música clássica e compôs obras contemporâneas como Sinfonia das Terras de Este (2016), A Fronteira Concerto para 3 Trompas e Orquestra (2020), Sinfonia N.º 2 (2021), Metafísica (Sinfonia N.º 3) e A Saga da Viola (2022).

O compositor trabalhou com vários artistas, incluindo Philip Glass, David Lang, Nico Muhly e Mischa Maisky, bem como com orquestras notáveis, desde a Filarmónica de Hong Kong e a Sinfónica de Melbourne à Orquestra Sinfónica de Londres. Hisaishi é professor visitante no Conservatório de Música de Kunitachi, parceiro musical da Filarmónica do Novo Japão, principal maestro convidado da Orquestra Sinfónica do Século do Japão e compositor residente da Sinfónica de Seattle desde 2023. Em 2009, foi agraciado com a Medalha com Faixa Roxa, uma distinção de mérito concedida pelo governo japonês. O seu contributo único para a música contemporânea e a sua incessante criatividade musical são extremamente valorizadas em todo o mundo.

Orquestra Sinfónica Japonesa do Século

Fundada em 1989 pela Prefeitura de Osaka, a Orquestra Sinfónica Japonesa do Século (OSJS) tocava inicialmente sob o nome de Orquestra Osaka do Século. A orquestra adoptou o seu nome actual em 2011, depois de se ter tornado independente dessa edilidade, estando agora prestes a celebrar o seu 34º aniversário já este Dezembro. Actualmente, a OSJS trabalha com três maestros. Norichika Iimori, como maestro principal, Kazuyoshi Akyiama, consultor musical, enquanto Joe Hisaishi se juntou à instituição como maestro principal convidado em 2021. A OSJS dá nove concertos anuais na Sala de Concertos de Osaka, actuando também regularmente no Centro de Artes Performativas Toyonaka da cidade, onde apresenta a sua “Série Obras-primas”. Para além disso, a orquestra tem-se dedicado à “Maratona Haydn”, um projecto que almeja tocar e gravar todas as sinfonias do compositor austríaco, tendo sido bastante reconhecida pelas suas interpretações elegantes e precisas.

Orquestra de Macau

A Orquestra de Macau é uma orquestra profissional com um repertório de clássicos chineses e ocidentais, tanto antigos como modernos. Inicialmente conhecida como Orquestra de Câmara de Macau, foi fundada em 1983 pelo Padre Áureo de Castro da Academia de Música S. Pio X e um grupo de melómanos. Em 2001 foi alargada a uma orquestra de sopros duplos, adoptando a sua designação actual.

Desde 1 de Fevereiro de 2022, a Orquestra de Macau tem sido gerida pela Sociedade Orquestra de Macau, Limitada, empresa integralmente detida pelo Governo da Região Administrativa Especial de Macau, cabendo a Lio Kuokman as funções de director musical e maestro principal a partir da temporada de 2023-2024. A orquestra colabora regularmente com músicos, maestros e organizações artísticas de renome mundial para proporcionar ao público um leque variado de concertos de música clássica.

Orquestra Sinfónica Japonesa do Século

Primeiros Violinos
Naoto Sakiya (Concertino Convidado)
Aiko Kamishikiryo
Fumitaka Sato
Harumi Seki
Tomomi Iwasaki
Chika Hirotsu
Tomoko Shitaya
Noriko Michihashi
Ayane Miyashita
Haruna Yamamori

Segundos Violinos
Emi Ikehara
Munehisa Takahashi #
Mika Ozaki
Junichi Hibi
Hibiki Nakaya
Masami Nakatani
Mutsuyo Okuya
Megumi Miwa

Violas
Atsushi Nagaishi *
Yuki Masunaga #
Takashi Iida
Yuko Nagamatsu
Kanaho Kida
Saho Yamamoto

Violoncelos
Daisuke Kitaguchi
Mari Suenaga
Hiroaki Takahashi
Toshiko Mochizuki
Dangaku Watanabe
Hisashi Ichiraku

Contrabaixos
Kazuyuki Murata
Kenichi Naito #
Kanako Tanzawa
Shuhei Mitsui

Flautas
Mayuko Nagae
Yoriko Fushida
Shin Endoh

Oboés
Yoshie Miyamoto
Daichi Kawahito

Clarinetes
Shuichiro Mochimaru
Kanae Yoshioka

Fagotes
Yuhi Yasui
Nina Shakudo
Shota Takashima

Trompas
Aoi Nishimoto *
Risako Iwai
Megumi Yano
Sotetsu Mimura

Trompetes
Toshiyuki Komagari
Motoaki Sato

Trombones
Natsuki Nishimura *
Takeshi Mikubo

Trombone Baixo
Nozomi Kasano

Tímpanos
Tomoaki Yasunaga

Percussão
Yuji Hirokawa
Shoya Furukawa

Harpa
Minako Nakano

Piano e Celesta
Erica Numamitsu


Chefe de Naipe
# Assistente Chefe de Naipe
* Chefe de Naipe Convidado

Orquestra de Macau

Primeiros Violinos
Yang Keyan
Wang Hao
Xing Huifang
Li Wenhao

Segundos Violinos
Vit Polasek
Zhou Chen
Cao Hui
Guo Qing

Violas
Lu Xiao
Li Jun
Li Yueying
Lu Zhongkun

Violoncelos
Yan Feng
Lu Yan

Contrabaixos
Tibor Toth
Chen Chao

Oboé
Kai Sai

Clarinete
Lee Kai Kin

Trompete
Toshio Okuda

Trombone
Chiu Hon Kuen

Tuba
Lai Tak Chun

Percussão
Chang Hio Man
Fung Chan Chi Wai
Choi Suk Fan

Aviso Legal
As ideias/opiniões expressas no projecto são da responsabilidade do projecto/equipa do projecto e não reflectem necessariamente os pontos de vista do Instituto Cultural do Governo da Região Administrativa Especial de Macau.