Joe Hisaishi apresenta O Futuro da Música

Programa

S. Reich (n. 1936)
Música de Palmas

A. Pärt (n. 1935)
Summa para Quarteto de Cordas

J. Hisaishi (n. 1950)
2 Peças para Ensemble Estranho
I.  Oposição de Movimento Rápido
II. Esposas dos Pescadores e a Proporção Aúrea

W. Kilar (1932-2013)
Quinteto de Sopros

J. Hisaishi (n. 1950)
Variação 14 para Grande Ensemble

Notas ao Programa

S. Reich: Música de Palmas

Elogiado pelo New York Times como “o nosso maior compositor vivo”, Steve Reich, o compositor judaico-americano natural de Nova Iorque é uma das figuras de maior destaque do minimalismo contemporâneo. As suas obras incorporam elementos da África Ocidental e influências vernáculas americanas (do jazz, em particular) transportados para um registo clássico ocidental.

A inspiração de Música de Palmas deve-se à exposição de Reich ao flamenco durante uma digressão por Bruxelas. A peça envolve dois intérpretes a bater palmas, sendo que o primeiro repete sempre o mesmo ritmo e o outro vai variando o ritmo das palmas, até ambos retomarem o mesmo ritmo. As subtis mudanças rítmicas vão sendo continuamente desenvolvidas conforme um padrão definido, fazendo desta peça um deleite auditivo.

Por Joe Hisaishi

A. Pärt: Summa para Quarteto de Cordas

A Estónia, Letónia e Lituânia, conhecidas como Estados Bálticos, foram ocupadas pela Alemanha e pela antiga União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, permanecendo sob ocupação soviética até 1991.

Arvo Pärt nasceu em 1935 e continua a compor até hoje, tendo passado muitos períodos da sua vida na sua ocupada terra natal (mudando-se para a Áustria em 1979 e, mais tarde, para a Alemanha onde viveu durante vários anos). Pärt começou por criar obras associadas à música de vanguarda na Europa Ocidental, mas, na década de 1970, sofreu uma significativa transformação estilística. Tanto a melodia como a harmonia tornaram-se excepcionalmente simples e surgiu uma aura de cariz espiritual. Como se sentiria ao ouvir estas composições?

Uma frase lenta repetida várias vezes. A interacção entre cada instrumento do ensemble continua a evoluir. Summa consiste numa compilação de ensaios filosóficos e teológicos, significando algo semelhante a “compêndio”. Bastante conhecida é a Suma de Teologia, escrita no século XIII por S. Tomás de Aquino. Pärt, ao desenvolver o seu método de composição por tentativa e erro, deu à sua obra um título homónimo. Foi inicialmente escrita como peça coral em 1977, sendo, posteriormente, adaptada para ensemble. O Quarteto Kronos interpretou-a em 1992.

Notas fornecidas pela Wonder City Inc.

J. Hisaishi: 2 Peças para Ensemble Estranho

2 Peças para Ensemble Estranho foram escritas para a série O Futuro da Música Vol. 3. Tudo começou com a ideia de que eu queria escrever uma obra com uma instrumentação invulgar. A primeira peça foi escrita em Fá menor com acordes quebrados, sendo a segunda peça escrita em Fá sustenido menor para preservar ao máximo a sua simplicidade. Como ideia geral, a primeira peça contrasta o som com o silêncio, vibração e quiescência, sendo a segunda peça estruturada de acordo com a proporção áurea de 1:1.618 (5:8) em termos de tempo. Por outras palavras, a cadência vai aumentando gradualmente (ou seja, torna-se mais emocionante), atenuando-se lentamente após o ponto da proporção áurea. A proporção áurea cria uma sensação de equilíbrio visual, mas esta experiência destina-se a averiguar se o equilíbrio também é observável no tempo. A tradução literal da primeira peça, Oposição de Movimento Rápido, seria qualquer coisa como “o contraste de se movimentar rapidamente” e o da segunda peça Esposas dos Pescadores e a Proporção Áurea, significa literalmente “Esposas dos Pescadores e a Proporção Áurea”, títulos estes que não fazem muito sentido. Fui inspirado por uma exposição de Salvador Dalí, mas a inspiração não adveio directamente das suas obras. Contudo, na verdade, durante a composição desta obra, olhei de soslaio as suas obras Natureza-Morta Viva e Quatro Mulheres de Pescadores em Cadaqués, as quais me inspiraram de alguma forma. No entanto, usei a ideia da proporção áurea na minha segunda peça Esposas dos Pescadores e a Proporção Áurea, apesar do conceito de proporção áurea ter sido antes usado na primeira das obras de Dalí aqui referidas Natureza-Morta Viva.

Por Joe Hisaishi

W. Kilar: Quinteto de Sopros

Nascido em 1932, o compositor polaco Wojciech Kilar compôs obras de música clássica e bandas sonoras para cinema, tendo uma das suas obras vencido o Prémio César de Melhor Música para Cinema.

Contando-se entre as poucas peças de música de câmara de Kilar, o Quinteto, composto aos 20 anos de idade, combina melodias e harmonias neoclássicas com um estilo folclórico despojado.

Por Joe Hisaishi

J. Hisaishi: Variação 14 para Grande Ensemble

Variação 14 para Grande Ensemble é uma composição que criei em Abril de 2020 como o segundo andamento da Sinfonia N.° 2, tendo procedido à sua recomposição, com vista a apresentá-la na série O Futuro da Música Vol. 7. A peça pretende seguir o puro movimento do som, sendo estruturada por um tema, 14 variações e uma coda. Com uma duração de aproximadamente 11 minutos, foi concebida com o intuito de ser fruída facilmente, embora seja de difícil execução. Acredito que o mais importante agora é mesmo desfrutar dos prazeres da música.

Por Joe Hisaishi

Notas Biográficas

Joe Hisaishi, Maestro

Hisaishi é natural de Nagano, Japão. O seu interesse pela música minimalista despertou quando estudava no Conservatório de Música de Kunitachi. A sua carreira a solo teve início em 1982 com o lançamento do álbum Information. Desde então, Hisaishi lançou quase 40 álbuns, incluindo Minima_Rhythm (2009), Melodyphony (2010) e o mais recente Minima_Rhythm IV (2021).

Desde o início da década de 1980 que Hisaishi foi conquistando o seu lugar enquanto compositor de música para cinema, tendo trabalhado em estreita colaboração com o realizador de filmes de animação Hayao Miyazaki, para quem compôs dez bandas sonoras, incluindo os filmes Nausicaä do Vale do Vento (1984), O Meu Vizinho Totoro (1988), A Princesa Mononoke (1997) e As Asas do Vento (2013). Também ganhou destaque internacional com as suas bandas sonoras para filmes de Takeshi Kitano, como De Volta às Aulas (1997) e Hana-Bi (1998). Em geral, esteve envolvido na produção musical de mais de 80 filmes em todo o mundo. As suas obras têm sido amiúde galardoadas, incluindo o Prémio de Melhor Música para Cinema da Academia Japonesa, em sete ocasiões.

Hisaishi é também requisitado como pianista e regente de orquestra. Em Julho de 2004, assumiu o cargo de director musical principal da Orquestra Sonhos do Mundo da Filarmónica Novo Japão. Os seus ciclos de concertos “Joe Hisaishi apresenta o Futuro da Música” e “Clássicos Orquestrais do Futuro” granjearam-lhe uma enorme popularidade. Durante vários anos, Hisaishi regeu também concertos de música clássica e compôs obras contemporâneas como Sinfonia das Terras de Este (2016), A Fronteira Concerto para 3 Trompas e Orquestra (2020), Sinfonia N.º 2 (2021), Metafísica (Sinfonia N.º 3) e A Saga da Viola (2022).

O compositor trabalhou com vários artistas, incluindo Philip Glass, David Lang, Nico Muhly e Mischa Maisky, bem como com orquestras notáveis, desde a Filarmónica de Hong Kong e a Sinfónica de Melbourne à Orquestra Sinfónica de Londres. Hisaishi é professor visitante no Conservatório de Música de Kunitachi, parceiro musical da Filarmónica do Novo Japão, principal maestro convidado da Orquestra Sinfónica do Século do Japão e compositor residente da Sinfónica de Seattle desde 2023. Em 2009, foi agraciado com a Medalha com Faixa Roxa, uma distinção de mérito concedida pelo governo japonês. O seu contributo único para a música contemporânea e a sua incessante criatividade musical são extremamente valorizadas em todo o mundo.

Orquestra de Macau

A Orquestra de Macau é uma orquestra profissional com um repertório de clássicos chineses e ocidentais, tanto antigos como modernos. Inicialmente conhecida como Orquestra de Câmara de Macau, foi fundada em 1983 pelo padre Áureo de Castro da Academia de Música S. Pio X e um grupo de melómanos. Em 2001 foi alargada a uma orquestra de sopros duplos, adoptando a sua designação actual.

Desde 1 de Fevereiro de 2022, a Orquestra de Macau tem sido gerida pela Sociedade Orquestra de Macau, Limitada, empresa integralmente detida pelo Governo da Região Administrativa Especial de Macau, cabendo a Lio Kuokman as funções de director musical e maestro principal a partir da temporada de 2023-2024. A orquestra colabora regularmente com músicos, maestros e organizações artísticas de renome mundial para proporcionar ao público um leque variado de concertos de música clássica.

Orquestra de Macau

Violinos
Hou Zezhou
Li Na
Wang Xiaoying
Wang Yue

Violas
Xiao Fan
Zhang Yitian

Violoncelo
Vincent Lu Jia

Contrabaixo
Tibor Toth

Flauta
Weng Sibei

Oboé
Minyoung Park

Clarinete
Lee Kai Kin

Fagote
Yung Tsangshien

Trompa
Yu-Han Ho

Trompete
Toshio Okuda

Trombone
Chiu Hon Kuen

Pianos
Lee Tsz Long John
Poon Ho Suet

Teclados
Dora Tsang

Percussão
Chang Hio Man
Fung Chan Chi Wai

Aviso Legal
As ideias/opiniões expressas no projecto são da responsabilidade do projecto/equipa do projecto e não reflectem necessariamente os pontos de vista do Instituto Cultural do Governo da Região Administrativa Especial de Macau.