S. Reich: Música de Palmas
Elogiado pelo New York Times como “o nosso maior compositor vivo”, Steve Reich, o compositor judaico-americano natural de Nova Iorque é uma das figuras de maior destaque do minimalismo contemporâneo. As suas obras incorporam elementos da África Ocidental e influências vernáculas americanas (do jazz, em particular) transportados para um registo clássico ocidental.
A inspiração de Música de Palmas deve-se à exposição de Reich ao flamenco durante uma digressão por Bruxelas. A peça envolve dois intérpretes a bater palmas, sendo que o primeiro repete sempre o mesmo ritmo e o outro vai variando o ritmo das palmas, até ambos retomarem o mesmo ritmo. As subtis mudanças rítmicas vão sendo continuamente desenvolvidas conforme um padrão definido, fazendo desta peça um deleite auditivo.
Por Joe Hisaishi
A. Pärt: Summa para Quarteto de Cordas
A Estónia, Letónia e Lituânia, conhecidas como Estados Bálticos, foram ocupadas pela Alemanha e pela antiga União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, permanecendo sob ocupação soviética até 1991.
Arvo Pärt nasceu em 1935 e continua a compor até hoje, tendo passado muitos períodos da sua vida na sua ocupada terra natal (mudando-se para a Áustria em 1979 e, mais tarde, para a Alemanha onde viveu durante vários anos). Pärt começou por criar obras associadas à música de vanguarda na Europa Ocidental, mas, na década de 1970, sofreu uma significativa transformação estilística. Tanto a melodia como a harmonia tornaram-se excepcionalmente simples e surgiu uma aura de cariz espiritual. Como se sentiria ao ouvir estas composições?
Uma frase lenta repetida várias vezes. A interacção entre cada instrumento do ensemble continua a evoluir. Summa consiste numa compilação de ensaios filosóficos e teológicos, significando algo semelhante a “compêndio”. Bastante conhecida é a Suma de Teologia, escrita no século XIII por S. Tomás de Aquino. Pärt, ao desenvolver o seu método de composição por tentativa e erro, deu à sua obra um título homónimo. Foi inicialmente escrita como peça coral em 1977, sendo, posteriormente, adaptada para ensemble. O Quarteto Kronos interpretou-a em 1992.
Notas fornecidas pela Wonder City Inc.
J. Hisaishi: 2 Peças para Ensemble Estranho
2 Peças para Ensemble Estranho foram escritas para a série O Futuro da Música Vol. 3. Tudo começou com a ideia de que eu queria escrever uma obra com uma instrumentação invulgar. A primeira peça foi escrita em Fá menor com acordes quebrados, sendo a segunda peça escrita em Fá sustenido menor para preservar ao máximo a sua simplicidade. Como ideia geral, a primeira peça contrasta o som com o silêncio, vibração e quiescência, sendo a segunda peça estruturada de acordo com a proporção áurea de 1:1.618 (5:8) em termos de tempo. Por outras palavras, a cadência vai aumentando gradualmente (ou seja, torna-se mais emocionante), atenuando-se lentamente após o ponto da proporção áurea. A proporção áurea cria uma sensação de equilíbrio visual, mas esta experiência destina-se a averiguar se o equilíbrio também é observável no tempo. A tradução literal da primeira peça, Oposição de Movimento Rápido, seria qualquer coisa como “o contraste de se movimentar rapidamente” e o da segunda peça Esposas dos Pescadores e a Proporção Áurea, significa literalmente “Esposas dos Pescadores e a Proporção Áurea”, títulos estes que não fazem muito sentido. Fui inspirado por uma exposição de Salvador Dalí, mas a inspiração não adveio directamente das suas obras. Contudo, na verdade, durante a composição desta obra, olhei de soslaio as suas obras Natureza-Morta Viva e Quatro Mulheres de Pescadores em Cadaqués, as quais me inspiraram de alguma forma. No entanto, usei a ideia da proporção áurea na minha segunda peça Esposas dos Pescadores e a Proporção Áurea, apesar do conceito de proporção áurea ter sido antes usado na primeira das obras de Dalí aqui referidas Natureza-Morta Viva.
Por Joe Hisaishi
W. Kilar: Quinteto de Sopros
Nascido em 1932, o compositor polaco Wojciech Kilar compôs obras de música clássica e bandas sonoras para cinema, tendo uma das suas obras vencido o Prémio César de Melhor Música para Cinema.
Contando-se entre as poucas peças de música de câmara de Kilar, o Quinteto, composto aos 20 anos de idade, combina melodias e harmonias neoclássicas com um estilo folclórico despojado.
Por Joe Hisaishi
J. Hisaishi: Variação 14 para Grande Ensemble
Variação 14 para Grande Ensemble é uma composição que criei em Abril de 2020 como o segundo andamento da Sinfonia N.° 2, tendo procedido à sua recomposição, com vista a apresentá-la na série O Futuro da Música Vol. 7. A peça pretende seguir o puro movimento do som, sendo estruturada por um tema, 14 variações e uma coda. Com uma duração de aproximadamente 11 minutos, foi concebida com o intuito de ser fruída facilmente, embora seja de difícil execução. Acredito que o mais importante agora é mesmo desfrutar dos prazeres da música.
Por Joe Hisaishi