Ópera-tango de Astor Piazzolla María de Buenos Aires

Companhia Cidade de Dança Contemporânea

Sinopse

María de Buenos Aires começa com uma antevisão que depressa se torna numa analepse. María está morta, à espera de renascer, e é convocada pelo Duende, o espírito que a protege. Um payador (ou trovador portenho) começa a narrar a sua história. María nasceu amaldiçoada, pois Deus estava bêbado no dia do seu nascimento. Ela tornar-se-ia alguém amada por uns e amaldiçoada por outros; uma deusa e uma vagabunda que deambula pelas ruas; uma mulher que ninguém ouve e com que ninguém se importa. Após vários anos, já adulta, María foge dos arredores e chega à capital argentina. Ali, torna-se a María de Buenos Aires do tango, dos bairros de lata, da noite, das paixões fatais. Ela dança como ninguém antes dançara, sonha o que ninguém sonhara.

Somos transportados ao passado, à infância de María. O poeta vagabundo, conhecido como o Sonolento Pardal Portenho, apaixona-se por ela, prevendo-lhe um destino repleto de sangue e trevas. María rejeita-o, afirmando não pertencer a ninguém, pois nenhum homem consegue apanhar uma rosa com espinhos. Decidida, à noite ela sai do bairro e, como se estivesse possuída, deambula silenciosamente pela cidade, tornando-se prostituta. Porém, depois de muitas noites a vaguear pelas ruas, a premonição concretiza-se, o cadáver de María é encontrado caído na rua. Voltamos de novo atrás no tempo, para um bordel onde patifes se misturam com todo o tipo de gente. Alcoviteiras e ladrões narram a lenda de María, profetizando que ela ressuscitará, após o cantar de um galo, tal como Jesus.

O corpo de María é enterrado e a sua sombra, para sempre virgem, começa a percorrer a sua longa via-sacra enquanto vagueia, perdida, por Buenos Aires. Em nome do Duende, três marionetas contam à sombra María o milagre da fertilidade. A virgem María renasce e imaculadamente dá à luz uma menina que pode muito bem ser ela própria.

Programa

Cena I: Alevare
Duende|Ricardo Canzio
Bailarinos|Jacko Ng, Pansy Lo, Lai Tak-Wai

Cena II: Tema de María
María|Carol Lin
Bailarinos|Qiao Yang, Natalie Mak, Suyi Hon, Natalie Ko, Pansy Lo, Shirley Lok

Cena III: Balada idiota para um Realejo Louco
Payador (trovador portenho)|David Quah
Duende|Ricardo Canzio
Bailarinos|Natalie Mak, Felix Ke, Lai Tak-Wai, Eric Kwong, Brian Yam, Simpson Yau

Cena IV: Eu sou María
María|Carol Lin

Cena V: Milonga Carrieguera para a Menina María
Sonolento Pardal Portenho|David Quah
María|Carol Lin
Bailarinos|Suyi Hon, Felix Ke

Cena VI: Fuga e Mistério
María|Carol Lin
Bailarinos|Pansy Lo, Felix Ke, Eric Kwong, Suyi Hon, Lai Tak-Wai, Natalie Ko, Shirley Lok, Natalie Mak, Brian Yam, Simpson Yau

Cena VII: Poema valsado
María|Carol Lin
Bailarina|Shirley Lok

Cena VIII: Tocata da Acusação
Duende|Ricardo Canzio
Bailarinos|Qiao Yang, Jacko Ng

Cena IX: Miserere Canyengue dos Velhos Ladrões das Sarjetas
Chefe dos Velhos Ladrões|David Quah
Bailarinos|Brian Yam, Natalie Ko, Pansy Lo, Felix Ke, Eric Kwong, Suyi Hon, Lai Tak-Wai, Shirley Lok, Natalie Mak, Simpson Yau

Intervalo

Cena X: Contramilonga no Funeral da primeira morte de María
Duende|Ricardo Canzio
A sombra de María|Carol Lin

Cena XI: Tangata na Alvorada
Bailarinos|Qiao Yang, Pansy Lo, Natalie Ko, Suyi Hon, Shirley Lok

Cena XII: Uma Carta às Árvores e às Chaminés
A sombra de María|Carol Lin

Cena XIII: Ária dos Psicoanalistas
Primeiro psicoanalista|David Quah
A sombra de María|Carol Lin
Bailarinos|Pansy Lo, Felix Ke, Eric Kwong, Suyi Hon, Lai Tak-Wai, Natalie Ko, Natalie Mak, Brian Yam, Simpson Yau, Shirley Lok, Qiao Yang, Jacko Ng

Cena XIV: Romança do Poeta Duende e Embriagado
Duende|Ricardo Canzio
Bailarinos|Brian Yam, Simpson Yau, Eric Kwong

Cena XV: Allegro Tangabile
Bailarinos|Pansy Lo, Felix Ke, Eric Kwong, Suyi Hon, Lai Tak-Wai, Natalie Ko, Shirley Lok, Natalie Mak, Brian Yam, Simpson Yau

Cena XVI: Milonga da Anunciação
A sombra de María|Carol Lin
Bailarinos|Pansy Lo, Felix Ke, Eric Kwong, Suyi Hon, Lai Tak-Wai, Natalie Ko, Shirley Lok, Jacko Ng, Natalie Mak, Brian Yam, Simpson Yau

Cena XVII: Tangus Dei
Voz daquele Domingo|David Quah
Duende|Ricardo Canzio
A sombra de María|Carol Lin
Bailarinos|Jacko Ng, Qiao Yang, Natalie Mak, Pansy Lo, Felix Ke, Eric Kwong, Suyi Hon, Lai Tak-Wai, Natalie Ko, Shirley Lok, Brian Yam, Simpson Yau

Notas ao Programa

A ópera-tango María de Buenos Aires de Astor Piazzolla estreou em 1968, um período de intensos movimentos sociais, com o mundo imerso em movimentos estudantis e na contracultura. Naquela época Piazzolla era um compositor muito procurado na Argentina. No entanto, apenas ganhou reputação internacional numa digressão mundial realizada uma década depois.

Apesar de profundamente influenciado pela literatura europeia e americana, as raízes culturais de Piazzolla sempre estiveram em Buenos Aires, como um bom argentino que era. Estudou música clássica e jazz, tendo aprofundado os seus estudos em Paris, onde foi aluno de Nadia Boulanger, incontornável pedagoga de tantos músicos e compositores. “Este é o verdadeiro Astor Piazzolla” comentou ela certo dia ao ouvi-lo tocar o acordeão. De facto, mais do que considerarmos Piazzolla como um músico de tango, seria talvez mais correcto afirmarmos que tanto o tango como a sua adorada Buenos Aires são os temas constantemente presentes em toda a sua obra. Neste contexto criativo, María de Buenos Aires, goza de um estatuto único e insubstituível.

A peça começa com o espírito de María a contar a sua história pessoal post-mortem. María já não é a mãe de Jesus; leva uma existência única: Deus estava bêbado aquando do seu nascimento e por isso ela foi amaldiçoada para o resto da vida. Nascida nas ruas, saiu dos arredores com destino a Buenos Aires. Um poeta vagabundo apaixona-se por ela, mas ela rejeitou-o categoricamente, alegando não ser pertença de ninguém. No final, tornou-se numa prostituta com a qual ninguém se importava. O seu corpo acabou exposto nas ruas escuras da capital. Quando a história chega a este ponto, María parece ser uma projecção colectiva da condição feminina nos primórdios do tango: no século XIX, nesta cidade portuária sul-americana, plena de imigrantes, este género musical nasceu da pobreza, da traição, da decadência e da morte, enquanto as mulheres eram reduzidas a joguetes nas mãos dos homens. Na década de 1960, quando Piazzolla concebeu esta ópera-tango, o público ficou intoxicado pela esplêndida paixão do tango no seu apogeu, quase esquecendo a sua face desolada e sombria.

Este não é, contudo, o fim da história. Na segunda metade da ópera-tango, o fantasma de María deambula. As alcoviteiras e ladrões que a conhecem contam-lhe histórias e até profetizam a sua ressurreição, como Jesus. É aqui que entra o génio de Piazzolla: tradicionalmente, os bailarinos de tango assumem a liderança, enquanto as bailarinas apenas acompanham os movimentos dos seus pares. Porém, nesta obra, María, como protagonista feminina, torna-se a personificação espiritual do tango. Ela simboliza não apenas a consciência sofredora inicial do tango, mas também transporta os temas do renascimento e da redenção do cristianismo para o imaginário contemporâneo. Na ópera-tango, María permanece virgem mesmo depois de o seu corpo ser enterrado. O seu espírito ainda vagueia pelas ruas de Buenos Aires e ainda passa pela via-sacra de Cristo. Perto do final da peça, três fantoches (simbolizando os Três Reis Magos) dirigem-se a María e revelam-lhe o milagre da sua imaculada concepção. A história acompanha o nascimento divino, mas desta feita ela dá à luz uma menina, que é a própria María.

Se María é a metáfora do tango, ela assume a missão da ressurreição de Cristo, ao mesmo tempo que incorpora a imagem da Virgem María dando à luz o Salvador num corpo santo e imaculado – esta é provavelmente a ideia original de Piazzolla relativamente ao tango enquanto arte. Diz-se que a ideia por trás da história veio de Egle Martin, amante de Piazzolla que mais tarde o deixou, tendo-se casado com um outro homem. Segundo Egle, Piazzolla disse uma vez ao seu marido: “Ela é música, ela não pode pertencer a ninguém, não, ela é música, e a música sou eu”. María pode ser a projecção da musa de Piazzolla (ou seja, Egle), bem como a prova da sua devoção ao tango. O tango é a sua salvação, o seu objecto de adoração e o seu domínio de autorrealização. Poderíamos até dizer que María é o subconsciente feminino de Piazzolla.

Piazzolla sempre foi conhecido como o inovador, o representante do novo tango. Desde a década de 1950, inspirado pela sua professora Nadia Boulanger, o compositor dedicou-se à reforma deste género musical. As suas obras integram jazz, música clássica e até mesmo o temperamento semelhante dodecafónico, elevando as suas obras acima da paixão livre do tango tradicional com uma profundidade queixosa. Qualquer bailarino de tango concordaria que as obras de Piazzolla são em geral mais adequadas à apreciação auditiva do que a serem dançadas. Durante o período de criação activa de Piazzolla, a cultura do tango na Argentina declinava. Por um lado, o governo militar impunha um controlo cultural, e por outro, a invasão da cultura popular americana levava os jovens às discotecas, em vez das milongas. A reforma do tango de Piazzolla visa torná-lo mais refinado e apresentável para ocasiões festivas. Deixando de estar limitado à cultura popular em ruas e becos, o tango tornar-se-ia uma música elegante e até tocada em salas de concerto.


Excerto de “O Tango de María: Renascimento, Redenção e a Eternidade na Arte” de Tang Ching Kin, publicado no programa de sala de María de Buenos Aires, em Hong Kong, em 2022.

Notas Biográficas

Helen Lai, Encenação e Coreografia

Lai é uma das principais coreógrafas de Hong Kong. Em 1979, ingressou na Companhia Cidade de Dança Contemporânea de Hong Kong, onde foi Directora Artística de 1985 a 1989. Lai coreografou para diversas companhias de artes de palco da cidade vizinha, incluindo cinema e televisão, tendo igualmente colaborado com companhias de diferentes regiões, incluindo a Dança Teatro Cloud Gate e a Companhia de Dança Cruzamentos, em Taiwan; a Companhia de Dança Moderna de Guangdong; e o Teatro Dança de Singapura. As principais obras de Lai incluem: A Sagração da Primavera, Nine Songs (Nove Canções), Testimony (Testemunho), HerStory (A História Dela), The Comedy of K (A Comédia de K) e In the Beginning (No Início).

Lai recebeu vários prémios, incluindo a Medalha de Honra do Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong no ano 2000, quatro distinções pelos seus trabalhos coreográficos nos Prémios de Dança de Hong Kong e três distinções como Coreógrafa em Destaque. Em 2015, recebeu o Prémio de Contributo Extraordinário para as Artes do Conselho de Desenvolvimento das Artes de Hong Kong e uma Bolsa Honorária e um doutoramento honoris causa da Academia de Artes Performativas de Hong Kong em 2004 e 2021, respectivamente.

Vivian Ip, Maestrina

Sendo uma jovem maestrina em ascensão em Hong Kong, Vivian Ip foi elogiada pelo vencedor do Grammy John Nelson: “Dirigir uma orquestra é como respirar para si. Possui um talento brilhante!” Actualmente, é maestrina associada da Sinfonietta de Hong Kong e foi maestrina convidada na Filarmónica de Hong Kong, na Musica Viva Hong Kong e na Orquestra Sinfónica da Grande Ópera de Hong Kong. Em 2023, co-fundou o ANIMA Ensemble, assumindo a função de Directora Musical. Ip actuou em salas de concerto por todo o mundo, trabalhou com diversas orquestras europeias e foi nomeada Maestrina Assistente da Filarmónica de Hong Kong. Como regente de ópera, Ip dirigiu clássicos como Carmen, A Flauta Mágica, O Navio Fantasma, Norma e O Elixir do Amor. Actualmente, lecciona Direcção de Orquestra e Estudos Práticos em Musicalidade na Universidade Chinesa de Hong Kong.

Chen Wei-Kuang, Cenografia

Chen formou-se pelo Departamento de Teatro da Universidade de Taiwan, tendo concluído um Mestrado (MFA) na Universidade das Artes de Taipé. Foi nomeado para o Prémio das Artes Taishin e venceu o bronze num concurso de cenografia na Coreia do Sul. Em 2017, foi nomeado para a exposição “World Stage Design” do Concurso Mundial de Teatro com a cenografia de Persistência da Memória. Chen é especialista de palco no Centro de Artes de Kaohsiung (Weiwuying) desde 2018, tendo participado no design e planeamento técnico das produções e dos espectáculos ao ar livre do Centro.

Kuo Chien-Hao, Design de Iluminação

Kuo concebeu o seu primeiro design de luzes na Universidade de Artes de Taiwan, onde se formou em teatro e onde concluiu um Mestrado (MFA). Kuo tem mais de 20 anos de experiência profissional como técnico e designer de luzes. Entre os seus trabalhos, contam-se Summer Jazz, a série Opera-Studio para o Teatro e Sala de Concertos em Taipé, TEDx de Taipé – O Futuro é Agora, o programa de abertura do Centro de Artes de Kaohsiung (Weiwuying) – Candide de Bernstein, María de Buenos Aires (estreia em Taiwan) e O Apocalipse de Fudingjin no âmbito do “Kaohsiung Local Hi”. Os trabalhos de Kuo para La traviata e para a produção de dança Identidade foram seleccionados para as edições de 2017 e 2022 da exposição “World Stage Design”, na categoria de Designers Profissionais – Design de Luzes. Actualmente, é chefe da equipa de luzes do Centro Weiwuying.

Lawmanray, Engenharia de Iluminação

Lawmanray (Raymond Law) formou-se em Design de Luzes pela Academia de Artes Performativas de Hong Kong, actualmente frequentando aí um mestrado em Encenação. Trabalhou como designer de luzes independente para diferentes companhias de teatro, incluindo o Teatro de Repertório de Hong Kong e o Teatro Gramíneas. Ingressou na Companhia Cidade de Dança Contemporânea de Hong Kong como Designer de Luzes Residente em 2017 e trabalhou em diversas produções, como Requiem HK e Viagem de Inverno.A Sagração da Primavera. Em 2020, recebeu o prémio de Design de Luzes Notável no âmbito da 22.ª edição dos Prémios de Dança de Hong Kong pelo seu trabalho em Viagem de Inverno.

Em 2009, criou o Workshop Inspiração, uma companhia de teatro dedicada à criação de obras cénicas multimédia. Os seus trabalhos mais recentes incluem A Ajuda e O Insulto ao Público – A Impossibilidade do Teatro. Lawmanray foi nomeado para o prémio de Melhor Encenador no âmbito do 8.º Hong Kong Theatre Libre 2015-2016 com O Amor é Mais Frio do que o Capital Desconstruído.

Fan Huai-Chih, Figurinista

Fan estudou na Universidade das Artes de Londres e concluiu um mestrado no Instituto Marangoni de Milão. Tem colaborado frequentemente com a Swarovski e a Harry Winston, concebendo e integrando os seus vestidos de gala, acessórios e caixas de oferta, continuando a trabalhar como consultora de marcas e designer criativa em Milão, Taipé e Xangai.

Em 2018, trabalhou como consultora estilística e responsável pelo design de diversos figurinos e álbuns de cantoras pop e actrizes conhecidas. Nos últimos anos, Fan colaborou no design de vários figurinos para os palcos, incluindo a peça Lua Cheia da Companhia de Dança de Sidney, Cata-Sonhos da Cloud Gate 2, Multiplicação da Cloud Gate Dance x Teatro Tao de Pequim, esta última elogiada pelo Daily Telegraph como “um deleite para o olhar”.

Anthony Yeung, Sonoplastia

Formado pela Academia de Artes Performativas de Hong Kong (HKAPA), Yeung recebeu em 2003 o prémio de Melhor Design de Som no âmbito da 12.ª edição dos Prémios de Teatro de Hong Kong. Começou a leccionar matérias relacionadas com o som na Universidade de Hong Kong, na HKAPA e noutras instituições a partir de 2003. Yeung é consultor da Soundpocket, uma organização de arte sonora, desde Abril de 2008. Em 2010, a sua empresa foi nomeada Consultora de Som dos Laboratórios Dolby.

Mais recentemente, tem participado em produções teatrais como Meeting In Between Time (Encontro a Meio do Tempo) da Companhia Cidade de Dança Contemporânea de Hong Kong; Sinfonia ao Luar da Orquestra Filarmónica de Hong Kong, como Engenheiro de Mistura de Som ao Vivo; Vivo.Terra.Espaço de Choi Sai Ho e O Rei Lear do Teatro Estúdio Tang Shu Wing. Em 2017, Yeung recebeu o prémio de Design de Som Notável na 19.ª edição dos Prémios de Dança de Hong Kong.

Hung Wei-Chen, Videografia

Hung é o responsável do estúdio SouthLink Film, tendo começado a colaborar com o Centro de Artes de Kaohsiung (Weiwuying) em 2018. Produziu vários documentários, vídeos factuais e clipes promocionais para diversos programas. Em 2020, liderou a SouthLink Film e a Cloud Gate na criação conjunta da série Nos Bastidores: Criação de 13 Línguas, a qual foi amplamente aclamada.

Hung acredita que as imagens são uma fonte directa de informação, que pode ser facilmente absorvida pelo público, fazendo questão de rever repetida e continuamente as imagens finalizadas e de ajustar a reprodução e a qualidade das imagens de cada cena, de modo a produzir harmonia e equilíbrio. Hung procura fazer com que o trabalho flua naturalmente, o que compara com a capacidade de perceber pelo cheiro quando se aproxima uma chuva torrencial. Grande parte da sua criação cinematográfica baseia-se na observação de pessoas durante a sua vida quotidiana, que Hung tenta apresentar de forma fiel, através de um estilo simples, quotidiano e realista.

Elenco

Carol Lin (como María)

Lin é uma das principais meio-sopranos de Hong Kong. Desde 2006, tem desempenhado vários papéis principais em produções de ópera de Hong Kong e companhias internacionais, incluindo Carmen e María de Buenos Aires, o papel de Maddalena em Rigoletto, entre outros. Em 2023, Lin associou-se à soprano de classe mundial Anna Netrebko, cantando no 51.º Festival de Artes de Hong Kong. Lin venceu o 1.º Prémio e o Grande Prémio no 5.º Concurso Internacional de Música de Yokohama, no Japão, e em Maio de 2023, venceu o 2.º Prémio na categoria de Canções Líricas no âmbito do 8.º Concurso Internacional de Música “Stanze dell’Arte”.

David Quah (como Cantor)

Vencedor do Concurso de Canto Australiano IFAC Handa, David Quah, natural da Malásia, estreou-se profissionalmente no papel de Don Ottavio em Don Giovanni de Mozart com a Ópera de Queensland. Em 2000, mudou-se para Hong Kong e começou a ensinar canto na Academia de Artes Performativas de Hong Kong.

Quah estreou muitos papéis operáticos, tanto na cidade vizinha como no exterior, tendo ainda criado vários espectáculos online, incluindo Viagem de Inverno no Gelo, os musicais O Príncipe Feliz, O Outro Homem Sábio e Esther, todos muito bem acolhidos pelo público.

Quah é um orador experiente e popular, fundador e director artístico da Fundação do Cantores Bel Canto. A sua série Momentos Clássicos apresentou diversos concertos muito bem recebidos, proporcionando belos momentos ao público de Hong Kong com obras que vão do barroco ao contemporâneo, do clássico ao jazz, e do chinês ao ocidental.

Ricardo Canzio (como Duende)

Com um doutoramento em Estudos Tibetanos (Musicologia) pela Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, Canzio estudou música indiana, hindi e filosofia indiana na Universidade Hindu de Benares, na Índia. Professor aposentado de Musicologia na Universidade de Taiwan e tendo anteriormente leccionado na Universidade de Basel, na Suíça, na Universidade Paris 8, etc.

Natural de Buenos Aires, teve formação inicial em piano e composição na Universidade de Rosário, tendo trabalhado como músico e arranjador de música jazz. Publicou inúmeros artigos sobre etnomusicologia, tendo ainda produzido diversos CDs com notas sobre música popular brasileira e ópera tibetana. A sua mais recente publicação é uma tradução comentada do Tratado de Música de Sakya Pandita, a partir do tibetano.

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