Tom e Will

The King’s Singers

Programa

W. Byrd (c.1543-1623)
Praise our Lord, all ye gentiles (Dai graças ao nosso Senhor, gentios)

AOS AMIGOS

T. Morley (1557-1602)
O amica mea (Ó amor meu, primeira parte)

T. Morley (1557-1602)
Nolo mortem peccatoris

T. Weelkes (1576-1623)
Death hath deprived me (A morte privou-me)

T. Tallis (1505-1585)
“Why fum’th in fight” de Livro de Salmos do Arcebispo Parker

T. Tallis (1505-1585)
In ieiunio et fletu

W. Byrd (c.1543-1623)
Ye sacred muses (Vós, musas sagradas)

À VIDA

T. Weelkes (1576-1623)
Hark all ye lovely saints (Ouçam todos, adoráveis santos)

T. Weelkes (1576-1623)
Like two proud armies (Como dois orgulhosos exércitos)

W. Byrd (c.1543-1623)
O Lord, make thy servant Elizabeth (Ó Senhor, faz de Isabel tua serva)

W. Byrd (c.1543-1623)
This sweet and merry month of May (Este doce e alegre mês de Maio)

À AVENTURA


T. Weelkes (1576-1623)
Thule, the period of cosmography (Thule, o período da cosmografia)

W. Byrd (c.1543-1623)
O salutaris hostia a 6

T. Weelkes (1576-1623)
Hosanna to the Son of David (Hossana ao Filho de David)

Intervalo

A DEUS

W. Byrd (c.1543-1623)
Laudibus in sanctis

T. Weelkes (1576-1623)
When David heard (Quando David ouviu)

CANÇÕES DE FÉ, ESPERANÇA E HARMONIA

Uma selecção de êxitos retirados de A Biblioteca dos The King’s Singers, uma colectânea de temas em harmonia cerrada, incorporando canções populares e folclóricas, bem como algumas surpresas totalmente novas.

Notas ao Programa

Um deles foi uma celebridade do seu tempo, tendo circulado nos principais meios sociais de Londres. O outro viveu uma existência provinciana, conceituado no seu próprio círculo, mas sem o mesmo estatuto na capital. Mas ambos eram visionários: homens ousados e imaginativos, actualmente considerados mestres da composição inglesa, tendo cada um deles revolucionado a música coral. Ambos faleceram em 1623, pelo que, 400 anos depois, assinalamos o aniversário das suas mortes, celebrando ao mesmo tempo as suas vidas e a sua música. Eles são, evidentemente, Thomas Weelkes (1576-1623) e William Byrd (c. 1543-1623), ou, como nós gostamos de chamá-los: Tom e Will.

Ambos tinham empregos remunerados na igreja inglesa: Byrd na Capela Real em Londres; Weelkes na Catedral de Chichester, no sul de Inglaterra. Ambos escreveram muitas das suas obras para atender às exigências destes prestigiados coros de igreja. Weelkes foi, de facto, o mais prolífico compositor de cânticos e hinos na Inglaterra do início do século XVII, tendo Byrd publicado vários volumes de missas e motetos religiosos, tanto em latim como em inglês. Um dos seus melhores motetos é o salmo em seis partes Praise our Lord, all ye gentiles (Dai graças ao nosso Senhor, gentios), que abre o concerto de hoje. Na verdade, para Byrd, um dos grandes dilemas que influenciaram a fase final da sua vida e obra foi a justaposição da sua fé católica com o protestantismo cada vez mais rigoroso da Inglaterra isabelina e, com ele, a demanda para escrever música que se encaixasse no novo modelo protestante. O que pretendemos explorar este ano são os temperamentos por trás da música: o humor, a ansiedade, os interesses, as crenças e os defeitos de dois músicos notáveis. Para nós, estes temperamentos são mais claramente visíveis na sua música secular – a obra que escreveram “fora de serviço”. É nisto que nos concentramos na primeira metade do programa, a qual é estruturada por um conjunto de “brindes”: Aos Amigos, À Vida, e À Aventura.

Tanto Byrd como Weelkes se viam como parte de uma linhagem de compositores corais ingleses, sendo esse o ponto em que nos concentramos na secção Aos Amigos. Na época isabelina, a presença de mecenas e mentores, e o dever de homenageá-los, estava bastante enraizada no domínio artístico. Weelkes e Byrd tiveram mestres que também consideravam amigos queridos. As duas elegias que seleccionámos – Death hath deprived me (A morte privou-me) e Ye sacred muses (Vós, musas sagradas) – apresentam-nos uma visão notável das relações dos compositores com os seus mentores. Para Thomas Weelkes, o seu “mais querido amigo” era Thomas Morley (1557-1602), um compositor que se tornou particularmente célebre pelos seus madrigais, pelas canções e pelo seu influente livro sobre teoria musical. Morley exerceu igualmente uma grande influência em Weelkes e, quando Morley morreu em 1602, Weelkes escreveu o madrigal Death hath deprived me (A morte privou-me) em sua homenagem. A peça é um belo tributo e, para ilustrar ainda melhor esta amizade, damos início a esta secção do concerto com duas obras de Morley: o seu belo moteto sagrado em latim O amica mea (ao velho estilo polifónico) e o seu moteto Nolo mortem peccatoris, sendo este último invulgar pelo seu texto “macarrónico”, que mistura o latim e o inglês numa mesma obra. Apesar de ser uma simples oração em quatro partes, a peça inclui também várias “relações falsas”, onde as linhas vocais criam breves choques entre as partes. Esta ferramenta musical estava na moda na composição inglesa, tendo sido amplamente utilizada por outro gigante da música inglesa: Thomas Tallis (1505-1585).

Tallis foi talvez o compositor inglês mais influente do século XVI, em grande parte devido à sua vida invulgarmente longa, que abrangeu a maior parte do século. Tallis escreveu música para as cortes e capelas de quatro monarcas ingleses sucessivos – desde Henrique VIII a Isabel I – e, ao longo dessas décadas, foi adaptando e desenvolvendo a sua escrita musical de acordo com os gostos e as exigências da época. Como Byrd, a fé católica pessoal de Tallis nunca pareceu vacilar, apesar das exigências de escrever para a recém-criada Igreja de Inglaterra (com todos os seus limites estilísticos). O seu salmo Why fum’th in fight é um exemplo perfeito desse estilo simples, sendo uma das muitas peças baseadas em hinos que Tallis escreveu para o Livro de Salmos do Arcebispo Matthew Parker, em 1567. Acredita-se que a amizade de Tallis com William Byrd se desenvolveu na Capela Real, onde ambos eram músicos remunerados. No entanto, a profundidade da sua relação é mais facilmente ilustrada pelo seu projecto de edição conjunta em 1575: Cantiones Sacrae. Constituindo um tributo à Rainha Isabel I, o volume contém 17 motetos por cada um dos compositores e é desta colecção que provém In ieiunio et fletu. Após a morte de Tallis, aos 80 anos, Byrd escreveu o lamento Ye sacred muses (Vós, musas sagradas). A tristeza desesperada que Byrd sentiu com a morte de Tallis é reflectida nas palavras finais da peça: “Tallis is dead and music dies” (Tallis está morto e a música morre). Ouvir o nome de Tallis incluído explicitamente nesta peça é emocionalmente electrizante, dando vida à realidade tangível da amizade entre estas duas grandes figuras da música inglesa.

Na seguinte secção do nosso programa, À Vida, escolhemos música que nos ajuda a compreender um pouco melhor as preocupações diárias e as personalidades dos dois compositores. Para Byrd, essas preocupações incluíam lembrar a Rainha Isabel I que ele lhe era leal e dedicado. Nos seus hinos de igreja e madrigais, as obras de Byrd em inglês revelam até que ponto ele apreciava, e talvez dependesse da boa vontade e do patrocínio da rainha (em particular, na fase final da sua vida). This sweet and merry month of May (Este doce e alegre mês de Maio) é uma das duas versões musicais do texto homónimo, celebrando a chegada da Primavera, e mostrando Byrd a brincar com os extremos do estilo madrigalesco. O seu moteto O Lord, make thy servant Elizabeth (Ó Senhor, faz de Isabel tua serva) é igualmente despojado no seu louvor a Isabel, adaptando o Salmo 21 para referir directamente a Rainha, rogando a Deus para protegê-la.

As preocupações de Weelkes eram bem menos nobres. Acredita-se que a última fase da sua vida e carreira tenha sido atormentada pelo alcoolismo. Weelkes era frequentemente repreendido pelo clero da Catedral de Chichester por se ausentar quando deveria estar de serviço e por praguejar e blasfemar quando estava embriagado. A beleza e a elegância da sua linguagem musical pode ser algo difícil de conciliar com a rebeldia das suas diabruras em Chichester. As mulheres e a bebida eram certamente duas das fraquezas de Weelkes, e em Hark all ye lovely saints (Ouçam todos, adoráveis santos), as secções em que se repetem os sons “Fa-la-la” dissimulam passagens sugestivas do texto e mantêm o madrigal centrado em figuras da mitologia e da religião. Em Like two proud armies (Como dois exércitos orgulhosos), ouvimos Weelkes pesar a sua consciência (ou “razão”) contra a beleza tentadora de uma mulher, comparando-as a dois exércitos defrontando-se numa batalha. A beleza da mulher parece vencer a luta e Weelkes, presumivelmente, cede ao seu poder esmagador.

A seguinte secção examina a Aventura de duas maneiras: literalmente, no caso de Thule, the period of cosmography (Thule, o período da cosmografia), de Weelkes; e musicalmente, no caso de O salutaris hostia a 6, de Byrd. O madrigal de Weelkes foi publicado em 1600 e capta em detalhe expressivo a sensação de maravilhamento e mistério decorrente das grandes viagens exploratórias do século XVI. Descobridores como Sir Francis Drake e Sir Walter Raleigh (para não falar dos viajantes ibéricos na América do Sul) descobriram e registaram novas espécies de peixes, ilhas, pássaros, vulcões em várias partes do mundo e as notícias de tais descobertas despertaram a imaginação popular em Inglaterra, revelando-se através da arte, da literatura e da música. O madrigal de Weelkes é disso um exemplo, contendo referências a “peixes voadores”, ao “Fogo” (um vulcão da África Ocidental, a ilha cabo-verdiana com o mesmo nome), ao “Etna” e, claro, a “Thule”, uma palavra do grego antigo usada para designar a região mais a norte do mundo (que, na altura, se pensava ser uma ilha ao largo da Noruega ou da Escócia). As dramatizações musicais e as harmonias circulares reflectem esta percepção das novas e estranhas descobertas da época. O melhor contraponto ao madrigal aventureiro de Weelkes será provavelmente o moteto O salutaris hostia a 6 de William Byrd, que constitui uma espécie de anomalia na obra de Byrd devido ao uso extraordinário da dissonância através da sobreposição de relações falsas. A maior parte da música de Byrd foi publicada em vida, em livros impressos com uma circulação razoavelmente ampla. O salutaris hostia a 6 é um raro exemplo de uma peça que sobrevive apenas em manuscrito, existindo apenas, na verdade, uma única fonte, intitulada As Antologias de Baldwin. As impressionantes relações falsas são produto de um cânone que percorre três vozes, colocando-as em conflito umas com as outras em intervalos regulares. Lembrando o espírito de influência e orientação entre Tallis e Byrd, esta obra mostra como Byrd empregou uma técnica aprimorada por Tallis, levando-a ao seu extremo mais expressivo numa experiência harmónica que se afigura aventureira até mesmo a ouvidos modernos. A primeira metade do concerto termina com um dos hinos mais bem conhecidos de Weelkes, Hosanna to the Son of David (Hossana ao Filho de David), que parafraseia os evangelhos de Mateus e de Lucas, sendo a música pontuada pelo alegre refrão “Hossana” no final de cada frase.

Na abertura da segunda parte, permitimo-nos saborear algumas das belas obras de música sacra pelas quais Byrd e Weelkes são tão conhecidos. Laudibus in sanctis é um dos motetos mais célebres de Byrd, apresentando o compositor num estilo plenamente amadurecido, com total domínio da textura, do texto e do timbre. Tanto Laudibus como Sing Joyfully – outro dos seus célebres hinos tardios – combinam textos de salmos com ideias musicais madrigalescas, evocando danças. O texto de Laudibus in sanctis é uma paráfrase do jubiloso Salmo 150. Em contraste, o moteto When David heard (Quando David ouviu) de Weelkes é uma das obras mais comoventes que nos chegaram da Inglaterra renascentista. Embora o texto narre a história do luto do rei bíblico David pela morte de seu filho Absalom, a inspiração para Weelkes foi algo mais pessoal. Em 1612, Henrique, Príncipe de Gales e jovem herdeiro da coroa inglesa, morreu prematuramente e o país entrou em luto. Muitos músicos, incluindo Thomas Tomkins, reagiram a esta morte escrevendo música para reflectir este pesar nacional, mas When David heard (Quando David ouviu) de Weelkes resistiu ao tempo talvez melhor do que qualquer outra peça.

Como é habitual nos nossos concertos, terminamos com uma selecção de temas populares e mais ligeiros, com arranjos em harmonia cerrada, e desta feita alinhados em torno dos temas da fé, da esperança e da coesão. A nossa sintonia estreita abrange grande parte do repertório mais conhecido e acarinhado da nossa biblioteca musical, sendo que, em cada concerto, a nossa selecção é adaptada ao público específico. Sejam clássicos antigos dos King’s Singers que têm vindo a circular no YouTube, sejam arranjos inéditos dos actuais cantores do grupo, não faltarão certamente ingredientes para despertar a vossa curiosidade e, quem sabe, para despertar também o vosso sentido de humor.

Por The King’s Singers

Nota Biográfica

The King’s Singers

Formado em 1968, os The King’s Singers são a principal referência no canto a cappella a nível mundial, há mais de cinquenta anos. Tão conhecidos pela sua incomparável técnica, versatilidade e perícia artísticas, bem como pela sua musicalidade consumada, valendo-se tanto da sua vasta tradição como do seu espírito pioneiro para criar uma panóplia extraordinária de obras originais e colaborações únicas.

O que sempre os distinguiu foi o seu conforto numa variedade inaudita de estilos e géneros, ultrapassando os limites do seu repertório e honrando, ao mesmo tempo, as suas origens na tradição coral britânica. Actuam regularmente nas principais cidades, bem como nos mais conceituados festivais e salas de espectáculos da Europa, América do Norte, Ásia e Australásia.

A sua vasta discografia granjeou-lhes vários prémios incluindo dois Grammys, um Emmy e um lugar no “Hall of Fame” inaugural da revista Gramophone. Os cantores organizam também workshops educativos e residências em todo o mundo, trabalhando com grupos e indivíduos para melhorar as suas técnicas e abordagens corais. Em 2018, fundaram a Fundação Global The King's Singers, com vista a proporcionar uma plataforma para a criação de música nova nas mais variadas disciplinas, para formar uma nova geração de artistas e assegurar oportunidades musicais a pessoas de todos os extractos sociais.

https://www.kingssingers.com/

Texto Cantado

W. Byrd: Dai graças ao nosso Senhor, gentios

Praise our Lord all ye gentiles, praise him all ye people,
Because his mercy is confirmed upon us, and his truth remaineth forever. Amen.

Louvai o nosso Senhor todos vós gentios, louvai-o todos vós povos,
Porque a sua misericórdia está confirmada sobre nós, e a sua verdade permanece para sempre. Ámen

Voltar ao Programa

T. Morley: O amica mea (prima pars)

O amica mea, sunt capilli tui sicut greges caprarum quae ascenderunt de monte Galaad.

Ó meu amor, o teu cabelo é como um rebanho de cabras que desce ondeleante o Monte de Gileade.

Voltar ao Programa

T. Morley: Nolo mortem peccatoris

Nolo mortem peccatoris; Haec sunt verba Salvatoris.

Não quero a morte de um pecador.” Estas são as palavras do Salvador.

Father I am thine only Son, sent down from heav’n mankind to save.
Father, all things fulfilled and done according to thy will, I have.
Father, my will now all is this: Nolo mortem peccatoris.
Father, behold my painful smart, taken for man on ev’ry side;
Ev'n from my birth to death most tart, no kind of pain I have denied,
But suffered all, and all for this: Nolo mortem peccatoris.

Pai, eu sou teu único Filho, enviado do céu para salvar a humanidade.
Pai, eu tenho todas as coisas realizadas de acordo com a tua vontade.
Pai, a minha vontade agora é esta: não quero a morte de um pecador.
Pai, vê a minha dor dolorosa, tomada pelo homem por todos os lados;
Mesmo desde o meu nascimento até a morte mais ácida, nenhum tipo de dor eu neguei,
Mas tudo sofri, e tudo por isto: não quero a morte de um pecador.

Voltar ao Programa

T. Weelkes: A morte privou-me

Death hath deprived me of my dearest friend,
My dearest friend is dead and laid in grave,
In grave he rests until the world shall end
As end must all things have.
All things must have an end that Nature wrought,
Must unto dust be brought.

A morte privou-me do meu amigo mais querido,
O meu querido amigo está morto e enterrado,
No túmulo ele descansa até que o mundo acabe
Como acabam todas as coisas em redor.
Todas as coisas devem ter um fim que a natureza lavrou,
Reduzidas ao pó que a tudo destinado está.

Voltar ao Programa

T. Tallis: “Why fum’th in fight” de Livro de Salmos do Arcebispo Parker

Why fum’th in fight the Gentiles spite,
In fury raging stout?
Why tak’th in hand the people found,
Vain things to bring about?

Porque lutar contra o despeto dos gentios,
em forte fúria?
Porque tomar nas mãos as pessoas encontradas,
Coisas vãs por realizar?

The Kings arise, the Lords devise
In counsels met thereto
Against the Lord with false accord,
Against his Christ they go.

Os Reis levantam-se e os governantes conspiram juntos
Nos conselhos reunidos para isso
Contra o Senhor, num falso cordo,
Contra o seu Cristo eles vão.

God’s words decreed, I Christ will spread,
For God thus said to me.
My son I say thou art, this day,
I have begotten thee.

Eu declararei o decreto de Deus
o Senhor disse-me:
Tu és meu Filho;
hoje eu te gerei.

Ask thou of me, I will give thee,
To rule all Gentiles’ lands.
Thou shalt possess in surenesse,
The world, how wide it stands.

Pede-me, e eu te darei as nações por tua herança,
e os confins da terra por tua possessão.
Tu os quebrarás com uma vara de ferro;
tu os despedaçarás como um vaso de oleiro.

The Lord in fear: your service bear,
With dread to him rejoice.
Let rages be, resist not ye,
Him serve with joyful voice.

Sede sábios agora, pois, ó Reis;
sede instruídos, ó juízes da terra.
Sirvam ao Senhor com temor
e regozijem-se com tremor.

The son kiss ye, lest wroth he be,
Loose not the way of rest.
For when his ire is set on fire,
Who trust in him be blest.

Beijai o Filho, para que não se irrite
e pereçais no caminho,
quando a sua cólera se acender um pouco.
Bem-aventurados todos os que nele confiam.

Voltar ao Programa

T. Tallis: In ieiunio et fletu

Parce, Domine, parce populo tuo, et ne des hereditatem tuam in perditionem.
Inter vestibulum et altare plorabant sacerdotes, dicentes: Parce populo tuo.

Poupa, ó Senhor, poupa o teu povo, e não destruas a tua herança.
Entre o pórtico e o altar os sacerdotes choravam, dizendo: Poupa o teu povo.

Voltar ao Programa

W. Byrd: Vós, musas sagradas

Ye sacred Muses, race of Jove,
whom Music’s lore delighteth,
Come down from crystal heav’ns above
to earth where sorrow dwelleth,
In mourning weeds, with tears in eyes:
Tallis is dead, and Music dies.

Ó musas sagradas, raça de Jove,
a quem o saber da música deleita,
Desçam dos céus de cristal acima
para a terra onde habita a tristeza,
Nas ervas daninhas da manhã, com lágrimas nos olhos:
Tallis está morto, e a Música morre.

Voltar ao Programa

T. Weelkes: Ouçam todos, adoráveis santos

Hark all ye lovely saints above
Diana hath agreed with Love,
His fiery weapon to remove.
Fa la la.
Do you not see
How they agree?
Then cease fair ladies; why weep ye?
Fa la la.

Ouçam todos vocês, santos adoráveis nas alturas
Diana tinha concordado com o Amor,
A sua arma de fogo remover.
Fa la la.
Não vês
Como eles concordam?
Então parem, belas damas; por que chorais vós?
Fa la la.

See, see, your mistress bids you cease,
And welcome Love, with love’s increase,
Diana hath procured your peace.
Fa la la.
Cupid hath sworn
His bow forlorn
To break and burn, ere ladies mourn.
Fa la la.

Vê, vê, a tua amada pede que pares,
E dês as boas-vindas ao Amor, com mais amor,
Diana conseguiu a sua paz.
Fa la la.
Cupido tinha jurado
O seu arco desamparado
Quebrar e queimar, antes do lamento das damas.
Fa la la.

Voltar ao Programa

T. Weelkes: Como dois orgulhosos exércitos

Like two proud armies marching in the field,
joining a thund'ring fight, each scorns to yield;
So in my heart, your beauty and my reason,
one claims the crown, the other says 'tis treason.
But O your beauty shineth as the sun
and dazzled reason yields as quite undone.

Como dois exércitos orgulhosos marchando no campo,
juntando-se a uma luta trovejante, cada um despreza ceder;
Então, em meu coração, a tua beleza e a minha razão,
um reivindica a coroa, o outro diz que é traição.
Mas ó a tua beleza brilha como o sol
e a razão deslumbrada cede como completamente desfeita.

Voltar ao Programa

W. Byrd: Ó Senhor, faz de Isabel tua serva

O Lord, make thy servant Elizabeth, our Queen, to rejoice in thy strength:
Give her her heart's desire, and deny not the request of her lips;
But prevent her with thine everlasting blessing,
And give her a long life, even for ever and ever.
Amen.

Ó Senhor, fazei com que a vossa serva Isabel, nossa Rainha, se regozije na vossa força:
Dai-lhe o desejo do seu coração e não negueis o pedido dos seus lábios;
Mas impedi-a com a vossa bênção eterna,
E dai-lhe uma longa vida, mesmo para todo o sempre.
Amém.

Voltar ao Programa

W. Byrd: Este doce e alegre mês de Maio

This sweet and merry month of May,
While nature wantons in her prime,
And birds do sing, and beasts do play,
For pleasure of the joyful time,
I choose the first for holy day,
And greet Eliza with a rhyme.
O beauteous Queen of second Troy:
Take well in worth a simple toy.

Neste doce e alegre mês de Maio,
Enquanto a natureza brinca no seu auge,
E os pássaros cantam e as feras brincam,
Para prazer do tempo alegre,
Eu escolho o primeiro para dia santo,
E saúdo Eliza com uma rima.
Ó bela Rainha da segunda Tróia:
Vale bem um simples brinquedo.

Voltar ao Programa

T. Weelkes: Thule, o período da cosmografia

Thule, the period of cosmography,
Doth vaunt of Hecla, whose sulfurious fire
Doth melt the frozen clime and thaw the sky;
Trinacrian Etna’s flames ascend not higher.
These things seem wondrous, yet more wondrous I,
Whose heart with fear doth freeze, with love doth fry.

Thule, o período da cosmografia,
Vangloria-se do Hekla, cujo fogo sulfuroso
Derrete o clima gelado e descongela o céu;
As chamas do Etna na Trinácria não sobem mais alto.
Essas coisas parecem maravilhosas, ainda mais maravilhoso eu,
Cujo coração com medo arrefece, com amor aquece.

The Andalusian merchant, that returns
Laden with cochineal and China dishes,
Reports in Spain how strangely Fogo burns,
Amidst an ocean full of flying fishes!
These things seem wond’rous, yet more wond’rous I,
Whose heart with fear doth freeze, with love doth fry.

O mercador andaluz, que retorna
Carregado de cochonilha e pratos chineses,
Relata na Espanha como o Fogo queima estranhamente,
Por entre um oceano cheio de peixes voadores!
Essas coisas parecem maravilhosas, ainda mais maravilhoso eu,
Cujo coração com medo arrefece, com amor aquece.

Voltar ao Programa

W. Byrd: O salutaris hostia a 6

O salutaris hostia
Quae caeli pandis ostium,
Bella premunt hostilia:
Da robur, fer auxilium.

Ó vítima salvadora
Que abres a porta do céu,
Guerras hostis pressionam-nos:
Dá-nos força, traz ajuda.

Uni trinoque Domino
Sit sempiterna gloria,
Qui vitam sine termino
Nobis donet in patria.
Amen.

Ao Senhor, na sua Trindade,
Sê glória eterna,
Pois vida sem fim
Ele nos dá no (seu) Reino.
Ámen.

Voltar ao Programa

T. Weelkes: Hossana ao Filho de David

Hosanna to the Son of David.
Blessed be the King that cometh in the name of the Lord.
Hosanna, thou that sittest in the highest heavens.
Hosanna in excelsis Deo.

Hossana ao Filho de David.
Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor.
Hossana, vós que estais sentado nos mais altos céus.
Hossana in excelsis Deo.

Voltar ao Programa

W. Byrd: Laudibus in sanctis

Laudibus in sanctis Dominum celebrate supremum,
Firmamenta sonent inclita facta Dei.
Inclita facta Dei cantate, sacraque potentis
Voce potestatem saepe sonate manus.

Celebremos o Senhor altíssimo em santos louvores
Deixemos o firmamento ecoar os feitos gloriosos de Deus.
Cantemos os feitos gloriosos de Deus, e com uma voz santa
Cantemos o poder da sua mão poderosa.

Magnificum Domini cantet tuba martia nomen,
Pieria Domino concelebrate lira.
Laude Dei, resonent resonantia tympana summi,
Alta sacri resonent organa laude Dei.

Que a trombeta guerreira cante o grande nome do Senhor:
Celebre o Senhor com a lira da Pieria.
Que ressoem tambores retumbantes para o louvor do Deus Altíssimo,
Que os órgãos sublimes ressoem para louvor do Deus sagrado.

Hunc arguta canant tenui psalteria corda,
Hunc agili laudet laeta chorea pede.
Concava divinas effundant cymbala laudes,
Cymbala dulcisona laude repleta Dei,
Omne quod aetheris in mundo vescitur auris,
Halleluia canat, tempus in omne Deo.

Ele deixou saltérios melodiosos cantarem com corda fina,
Ele deixou a dança alegre louvar com pé ágil.
Que címbalos ocos derramem louvores divinos,
Címbalos de som doce cheios de louvor a Deus.
Deixemos tudo no mundo que se alimenta do ar do céu
Cantar Aleluia a Deus para sempre.

Voltar ao Programa

T. Tomkins: Quando David ouviu

When David heard that Absalom was slain,
He went up to his chamber, over the gate, and wept;
And thus he said: O my son, Absalom my son,
Would God I had died for thee,
Absalom my son, O my son, Absalom my son.

Quando David soube que Absalão havia sido assassinado,
Ele subiu ao seu quarto, sobre o portão, e chorou;
E assim disse: Ó meu filho, Absalão, meu filho,
Se Deus permitisse teria morrido por ti,
Absalão, meu filho, ó meu filho, Absalão, meu filho.

Voltar ao Programa

Aviso Legal
As ideias/opiniões expressas no projecto são da responsabilidade do projecto/equipa do projecto e não reflectem necessariamente os pontos de vista do Instituto Cultural do Governo da Região Administrativa Especial de Macau.