Baseada nos escritos da estrela da literatura Nelly Arcan e levada à cena pela encenadora de renome internacional Marie Brassard e sete artistas espectaculares, A Fúria do Que Penso é uma colagem teatral adaptada a partir de vários textos que a autora quebequense deixou escritos antes de morrer. Fundindo a linguagem teatral contemporânea com perspectivas claramente feministas, que transcendem fronteiras e raça, a peça é um retrato colectivo das mulheres de hoje.
Induzidos pela obsessão do público com o seu passado como prostituta, bem como pelas suas cirurgias estéticas, os rótulos atribuídos a Arcan acabaram por afectar a percepção da sua obra literária. Há um grande negrume nos seus escritos, sobretudo nos romances autobiográficos, onde as suas palavras são profundamente permeadas de dor e luta. Ler os livros de Arcan pode não ser uma experiência agradável, mas a sua honestidade e paixão fazem eco em nós, levando-nos a reflectir sobre a vida das mulheres.
A peça de Marie Brassard combina poesia, literatura, música, luzes e representação, fluindo no palco a um ritmo desapressado. É simultaneamente uma homenagem a Nelly Arcan e uma ode às mulheres.
Por Annie Feng
Annie é mestre em Literatura Dramática pela Academia Central de Teatro. É também produtora de teatro, crítica e editora-chefe da plataforma de comunicação social/novos média verticais WowTheater.
Resumo de um artigo escrito originalmente em chinês.