Marcos Morau, um coreógrafo espanhol muito aclamado e o mais jovem vencedor do Prémio Nacional de Dança de Espanha, evidencia nas suas obras as possibilidades eclécticas do ballet teatral. A sua reencenação de A Bela Adormecida vai além da história de amor dos contos de fadas e realça a intriga no cerne do conto clássico – o sono e o despertar, a natureza do tempo, o atemporal e o momento presente. A Bela Adormecida apresenta efeitos visuais impressionantes, usando o espaço, a cor e o tom de forma engenhosa, num palco em forma de moldura, onde contrastam as tonalidades de vermelho e branco. À medida que o espectáculo se vai desenrolando, o ambiente no palco vai mudando gradualmente, reflectindo a perspectiva de Morau sobre a passagem do tempo. Os magníficos bailarinos dão vida a uma linguagem corporal única engendrada pelo coreógrafo a partir de movimentos corporais abstractos e elementos do teatro físico, enquanto a música de Tchaikovsky se vai fundindo com sonoridades contemporâneas. Procurando despojar o conto de fadas da sua fachada, Morau conduz o público ao longo de uma busca por uma fuga deste mundo caótico.
Por Daisy Chu
Editora e viajante pelo mundo do teatro, Chu costuma escrever recensões sobre dança em diversas páginas electrónicas de comunicação social, jornais e revistas.
Resumo de um artigo escrito originalmente em chinês.