Texto Introdutório

Sobrevivência num mundo pós-apocalíptico – O Fantástico e o Real em O Livro da Selva reimaginado

Estreado em 2022, O Livro da Selva reimaginado é uma coreografia de Akram Khan, coreógrafo britânico de ascendência bangladeshiana. A obra foi adaptada a partir de um livro popular de Rudyard Kipling, um prolífico escritor e vencedor do Prémio Nobel de Literatura. Girando em torno da interacção entre humanos e animais, a dança de Akram Khan funde-se com o Kathak contemporâneo, incorporado nos movimentos dos bailarinos, à medida que estes rapidamente se vão transformando em animais selvagens. Este diálogo animalesco coalesce num vocabulário de palco único, acentuado pelas formas distintas de diferentes personagens. O diálogo pré-gravado permite ao público sincronizar aquilo que ouve com a acção que vai decorrendo no palco, enquanto animações de grande dimensão vão sendo projectadas sobre ecrãs transparentes na frente do palco, mergulhando o público numa selva misteriosa. As linhas desenhadas à mão justapõem-se aos movimentos dos bailarinos, evocando imagens que atravessam o presente e o futuro, fluindo entre memória e imaginação.

Uma obra presciente escrita há 130 anos, o romance original examina a forma como os seres humanos aprendem a coexistir com os animais e imagina um retorno à natureza. Evocando o presente, a versão reinventada de Akran Khan lembra-nos que devemos aprender a coexistir com a natureza e reflectir sobre quem sobreviverá num mundo pós-apocalíptico.

Por Pacing Far
Pacing Far tem feito crítica e escrito artigos sobre teatro e cultura em diversas páginas electrónicas de comunicação social em Hong Kong e Macau desde 1998.

Resumo de um artigo escrito originalmente em chinês.