Quando nascemos, somos como uma tábula rasa. Aos poucos, vamos começando a percepcionar os estímulos à nossa volta, reagindo com todos os nossos sentidos – audição, visão, tacto, olfacto. A página em branco que é o cérebro da criança vai sendo preenchida aos poucos. Recordamos sons, imagens, toques, cheiros. Recordamos os sentimentos que nos acompanham à medida que exploramos o mundo que nos rodeia. Aprendemos a reconhecer estímulos externos relevantes e a processá-los de uma forma que os torna úteis.
Para apoiar o desenvolvimento harmonioso de uma criança desde os primeiros momentos de vida, devemos proporcionar-lhe uma sensação de segurança e um ambiente cativante e motivante. Tudo isto pode ser encontrado nas histórias escritas nas páginas dos livros. São livros que estimulam a imaginação, soltando e alargando os nossos horizontes. O Livrinho é um espectáculo criado por amor às crianças e pelo fascínio pela arte do origami e do kirigami.
Somos recebidos por um conjunto simples e ascético, composto por planos lisos e brancos. Vemos folhas de papel em branco, a partir das quais os actores criam diversas formas e emitem sons. Num livro colocado sobre uma plataforma, eles percepcionam cores.
Folheando páginas sucessivas, os espectadores descobrem novos mundos. As páginas estão organizadas de acordo com as fases de desenvolvimento das crianças. Primeiro, aparecem o branco e a sombra. Em seguida, formas geométricas negras contrastam com formas brancas e, depois, os actores organizam as formas com que as crianças estão familiarizadas. Na cena seguinte, começamos a descobrir novas cores – amarelo, azul e vermelho. Aparecem formas abstractas e tridimensionais. O que era branco até agora, enche-se de luz colorida. O cartão seguinte é uma viagem a um jardim florido, pleno de cores e fragrâncias. À medida que as estações vão mudando, vamos conhecendo os habitantes do jardim e descobrindo as suas emoções particulares. Em seguida, levamos o público numa viagem – um mergulho encharcado de chuva em alto mar. Submergimos num mundo subaquático até alcançar a superfície, combatendo os elementos com a ajuda do público. Assim termina o espectáculo: emoldurado por música ilustrativa, imaginativa e tranquilizante.
Contudo, o fim do espectáculo não significa o fim da aventura partilhada. Eis que encontramos um envelope cheio de cartões em branco, sugerindo que é hora do público criar os elementos da sua própria história. Vamos brincar e descobrir as diferentes formas de utilizar o papel.
O Livrinho é um espectáculo interactivo que explora os sentidos e estimula a imaginação. Criado a pensar no público mais pequenino, desperta também o interesse dos mais crescidos, surpreendendo pela variedade de formas abstractas e estimulando o interesse pelo origami, pela arte da dobragem de papel que desenvolve a imaginação e a destreza manual.
Por Elżbieta Bieda