33.º Festival de Artes de Macau

Cordas Embriagadas

Chen Xi x Orquestra de Macau

Programa

P. I. Tchaikovsky (1840-1893)
Concerto para Violino e Orquestra em Ré Maior, op. 35
I. Allegro moderato
II. Canzonetta: Andante
III. Finale: Allegro vivacissimo

Intervalo

P. I. Tchaikovsky (1840-1893)
Sinfonia n.º 1 em Sol menor, op. 13 (“Devaneio de Inverno”)
I. Allegro tranquillo
II. Adagio cantabile ma non tanto
III. Scherzo. Allegro schaerzando giocoso
IV. Finale. Andante lugubre – Allegro maestoso

Notas ao Programa

P. I. Tchaikovsky: Concerto para Violino e Orquestra em Ré Maior, op. 35

Esta peça é um clássico do repertório mundial para violino e um dos concertos para violino mais tocados até à data. Aos olhos dos aficionados da música clássica, esta peça está entre os “quatro maiores concertos para violino do mundo”, juntamente com os criados por Beethoven, Mendelssohn e Brahms. A peça foi escrita em 1878, quando o compositor terminou um casamento infeliz e vivia na Suíça. Inspirado na Symphonie Espagnole para violino e orquestra do compositor francês Édouard Lalo (“não procurando profundidade ou sendo convencional”), Tchaikovsky acabou de criar este Concerto com a ajuda do seu amigo próximo e violinista Iosif Kotek. O compositor dedicou inicialmente a peça ao grande violinista Leopold Auer e planeava convidá-lo para fazer a estreia da obra, mas o violinista declinou, achando que o concerto tinha muitos defeitos em termos de execução técnica. A peça acabou por ser estreada em Viena em 1881 pelo violinista Adolph Brodsky.

Este concerto demonstra o excepcional talento melódico e genialidade do compositor em transformar artisticamente a linguagem da música folclórica russa e também representa um grande desafio técnico para violinistas solistas. A obra toma a estrutura convencional do concerto em três andamentos. Na época de Tchaikovsky, o primeiro andamento já não se limitava à forma de sonata de duplas exposições como num concerto clássico, e o compositor tratou o início desta peça com mais liberdade e variedade, especialmente na introdução do solista. O concerto conduz à participação do violino através de uma secção de construção do clímax da orquestra que transita de dinâmica fraca para forte, de cores brilhantes para escuras e de emoções plácidas para intensas, e o primeiro e o segundo temas são caracterizados pela musicalidade e lirismo típicos do Período Romântico. A peça é cheia de flutuações e contrastes estimulantes, dando ampla oportunidade ao violinista solista de exibir técnicas deslumbrantes. O segundo andamento em Sol menor é relativamente curto e repleto de nostalgia sombria. O andamento foi intitulado “Canzonetta” pelo compositor, que foi originalmente uma forma italiana de música vocal secular no Renascimento e é usada para representar o sabor melodioso do andamento e o tom semelhante a uma ária que contrasta fortemente com o primeiro e o último andamento. A música então entra ininterruptamente no emocionante e esplêndido terceiro andamento que apresenta o material temático de um forte sabor folclórico russo, tal como o tema principal alegre e ardente que decorre da dança russa Trepak, e o tema estável e equilibrado do episódio subsequente que nos lembra canções folclóricas ucranianas.

P. I. Tchaikovsky: Sinfonia n.º 1 em Sol menor, op. 13 (“Devaneio de Inverno”)

O compositor russo P. I. Tchaikovsky (1840-1893) foi o compositor mais versátil do século XIX. Tendo criado uma variedade de géneros, em cada um deles podem encontrar-se obras-primas atemporais. A sua música está intimamente ligada a elementos da música folclórica russa e, como um dos primeiros compositores russos profissionais com formação de conservatório, absorveu totalmente as técnicas musicais da Europa Ocidental, criando um estilo original que combina uma “linguagem internacional” com características russas.

Escreveu seis sinfonias ao longo da sua vida, além da programática Sinfonia Manfred e da Sinfonia incompleta em Mi bemol Maior. A Sinfonia n.º 1 em Sol menor foi criada em 1866 quando o compositor era professor no Conservatório de Moscovo, a convite de Nikolai Rubinstein, logo depois de se formar no Conservatório de São Petersburgo e de começar a sua nova vida com o cuidado fraterno e a ajuda de Rubinstein. Esta sinfonia encontrou grandes dificuldades e forte crítica dos seus ex-professores Nikolay Zaremba e Anton Rubinstein (o irmão mais velho de Nikolai Rubinstein). Após a sua conclusão, a obra foi gradualmente apresentada ao público: o terceiro andamento foi tocado em Moscovo no dia 10 de Dezembro de 1866 e recebeu uma resposta pouco entusiasta; o segundo e terceiro andamentos foram tocados em S. Petersburgo em Fevereiro do ano seguinte e receberam aclamação pela primeira vez; a peça não foi tocada na íntegra até à sua estreia, em Fevereiro de 1868, sob a batuta de Nikolai Rubinstein, que foi saudada como um grande sucesso. A peça não seria tocada pela segunda vez até 15 anos depois. Em 1874, o compositor publicou a obra após efectuar algumas pequenas afinações e dedicou-a a Nikolai Rubinstein. A versão final acabou por ser estreada em Moscovo em 1883.

Tchaikovsky chamou à sua primeira sinfonia “Devaneios de Inverno” e incluiu títulos similares para os dois primeiros andamentos. O primeiro andamento “Devaneios numa Viagem de Inverno”, representa não apenas a experiência pessoal de viajar sozinho de S. Petersburgo a Moscovo durante o lúgubre Inverno russo, mas também uma típica cena russa nos seus imaginários culturais e artísticos. Neste andamento baseado na sonata, o jovem compositor retrata com vivacidade e delicadeza a cena de uma carroça galopando num vasto campo de neve com um toque fresco, onde os sons prateados sopram ao vento por entre as melodiosas e simples canções folclóricas do cocheiro. O segundo andamento “Terra de Trevas, Terra de Bruma” (em Mi bemol Maior) transmite a preferência do compositor pelo “inefável clima sombrio”. Partindo de uma emocional e sombria introdução baseada no tema amoroso da fantasia sinfónica do compositor, A Tempestade (op. 80, 1865), a peça é então completada pela solidão ao estilo russo transmitida por oboés ecoados e envoltos em fagotes e flautas – que posteriormente se tornou típica do estilo maduro de Tchaikovsky. O terceiro andamento (em Dó menor) foi o primeiro a ser concluído e baseou-se em alterações substanciais ao terceiro andamento da obra do compositor dos seus tempos de escola – a Sonata para Piano em Dó sustenido menor, substituindo o trio original por um novo tema ao estilo de valsa, e esta é a primeira valsa orquestral extraordinária escrita por Tchaikovsky. O quarto andamento é o mais longo e o mais dramático de todos com as maiores flutuações e os sons mais ricos e grandiosos. Tanto a introdução como a exposição fazem referência à canção folclórica russa “Распашу ли я млада, младeшенка” (Raspashu li ya mlada, mladeshenka). Contrapontos semelhantes a fugas permeiam este andamento, especialmente na secção de desenvolvimento. No final, a peça conclui com um clímax magnífico transmitido por todos os instrumentos.

Por Danni Liu

Traduzido do chinês

Notas Biográficas

Lio Kuokman, Maestro

Lio é actualmente maestro principal convidado e conselheiro artístico da Orquestra de Macau, director de programação do Festival Internacional de Música de Macau e maestro residente da Orquestra Filarmónica de Hong Kong (HK Phil), tendo sido epitomizado pelo jornal norte-americano The Philadelphia Inquirer como “um talento surpreendente na direcção de orquestra”. Lio venceu o 2.º Prémio e o Prémio do Público no âmbito do Concurso Internacional de Direcção de Orquestra Evgeny Svetlanov 2014 em Paris, foi o primeiro Maestro Assistente chinês a colaborar com a Orquestra da Filadélfia.

Lio tem desenvolvido a sua carreira a nível internacional, tendo, mais recentemente, protagonizado várias actuações de destaque, incluindo um concerto comemorativo apresentado pela HK Phil, que contou com a presença do presidente chinês Xi Jinping, um concerto com a Orquestra Sinfónica de Viena na qualidade de primeiro maestro chinês desde a criação da orquestra e a primeira digressão de concertos na Arábia Saudita com a Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse, a convite do governo francês. Lio venceu vários prémios, sendo nomeado um dos Dez Mais Notáveis Jovens de Hong Kong de 2021 e Artista do Ano (Música) no âmbito da 16.ª edição dos Prémios de Desenvolvimento das Artes de Hong Kong, em 2022. Lio foi também homenageado com uma Medalha de Mérito Cultural pelo Governo da RAEM e nomeado Juiz de Paz pelo Governo da RAE de Hong Kong, em reconhecimento das suas conquistas culturais e artísticas.

Chen Xi, Violino

Chen é um jovem violinista e professor associado do Departamento de Instrumentos de Orquestra do Conservatório Central de Música. Formou-se no Curtis Institute of Music e na Yale School of Music nos Estados Unidos e estudou com muitos violinistas de renome e educadores de música, incluindo Lin Yao Ji, Wang Guan, Zhao Wei, Sui Keqiang, Xue Wei, Joseph Silverstein e Hyo Kang.

Aos 17 anos de idade, Chen conquistou a medalha de prata na categoria de violino do Concurso Internacional Tchaikovsky de 2002 em Moscovo, na Rússia (a mais elevada acolada da categoria naquele ano), tornando-se o mais jovem vencedor do primeiro prémio do concurso. Aclamado como “um músico brilhante com uma individualidade forte” pela conceituada revista de música clássica do Reino Unido The Strad, Chen tem actuado em palcos musicais no país e no exterior. Deu várias masterclasses e apresentou-se com orquestras mundialmente famosas como solista na Ásia, Américas e Europa.

Actualmente, Chen usa um violino construído por Pietro Guarneri em 1690 com o patrocínio de um coleccionador chinês de apelido Zhou.

Orquestra de Macau

A Orquestra de Macau é uma orquestra profissional local, com um repertório que inclui clássicos chineses e ocidentais de todos os tempos, revelando assim as culturas musicais de Oriente e Ocidente. Em 1983, o Padre Áureo de Castro, da Academia de Música S Pio X, e um grupo de melómanos fundaram a Orquestra de Câmara de Macau, que se tornou uma orquestra de duplos sopros em 2001, sendo depois denominada “Orquestra de Macau”. A partir de 1 de Fevereiro de 2022, a Orquestra de Macau passou a ser gerida pela Sociedade Orquestra de Macau, Lda, uma empresa pública integralmente detida pelo Governo da Região Administrativa Especial de Macau. No futuro, a Orquestra continuará a aprimorar o seu profissionalismo, oferecendo ao público uma rica diversidade de espectáculos de música clássica de alta qualidade.

Orquestra de Macau

Primeiros Violinos
Wang Liang (Concertino substituto)
Hou Zezhou (Concertino Associado substituto)
Wang Yue ++
Cao Hui
Xing Huifang
Li Silei
Yang Keyan
Zhou Chen
Chen Yanle
Wang Hao
Ng U Tong *
Chunxi Xu *

Segundos Violinos
Li Na **
Vit Polasek
Luo Ya
Liang Mu
Guo Kang
Wang Xiaoying
Li Wenhao
Zheng Liqin
Xu Yang
Shi Weimin

Violas
Xiao Fan **
Li Jun
Kiyeol Kim
Lu Xiao
Li Yueying
Yuan Feifei
Lu Zhongkun *
Ho Ieong Cheng *

Violoncelos
Lu Jia **
Zhang Taiyang
Marko Lopez de Vicuna Klug
Lu Yan
Yan Feng
Kuong Poulei
Zhong Guoyu
Radim Navrátil

Contrabaixos
Tibor Tóth **
Chen Chao
Zhang Fengzhe *
Ho Ka Pek *
Sam Kit *

Flautas
Weng Sibei **
Wong Chun Sum *
Lin Yi-Chuan *

Oboés
Kai Sai **
Chang Chia-Fang *

Clarinetes
Michael Geoffrey Kirby **
Lee Kai Kin *

Fagotes
Yung Tsangshien **
Zhu Wukun

Trompas
Wu Tianxia **
Qiu Xinyi *
Reynald Eric Yannick Parent *
Lee Kin Tat Alfred *
Un Cheok Hin *

Trompetes
David Guy Michel Rouault **
Wang Chenguang *

Trombones
Ho Tsz Yin *
Aaron Joseph Albert *

Tuba
Micky Leo Wrobleski *

Timbales
Dave Burns ##

Percussão
Chang Hio Man *
Fung Chan Chi Wai *

** Chefe de Naipe
++ Chefe de Naipe, substituto
## Chefe de Naipe convidado
* Músico convidado

 

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