33.º Festival de Artes de Macau

Ópera Cantonense Experimental Adeus Minha Concubina (Nova Adaptação)

Centro Xiqu, Distrito Cultural de West Kowloon

* Funcionários do Distrito Cultural de West Kowloon

 

Personagens e Elenco

Xiang Yu: Keith Lai
Yuji (Concubina Yu): Janet Wong
Noivo/Soldado: Ng Lap-hei

Sinopse

No frio sombrio do Outono, Xiang Yu, o autoproclamado “Soberano do Reino de Chu Ocidental” percebe que enfrenta a derrota. Ao nascer da lua, a Concubina Yu despede-se, pela última vez, de Xiang Yu antes de se suicidar com a espada deste. Sentado na margem do rio Wu na sua desolação, Xiang parece ouvir a Concubina Yu a encorajá-lo a revisitar os espíritos dos soldados mortos, incitando-o a lutar até ao fim.

Acto I

Cena 1  Regresso ao Acampamento
Esta cena é interpretada no estilo de canto arcaico, designadamente, em mandarim das Planícies Centrais (Zhongzhouyun ou Guilin guanhua, a língua dos mandarins de Guilin). Dois elementos reflectem as características tradicionais deste género de interpretação: a entrada de Xiang em cena, envolvendo um conjunto de movimentos estereotipados e um movimento de pés conhecido como tiaodajia e os movimentos direccionais, ditos zousimen (aproximando-se dos quatro cantos do palco); e a entrada da Concubina Yu em cena, envolvendo uma ária cantada em Moderato (zhongban) sobre um fundo vibrante de gongos e tambores.

Cena 2  A Canção do Reino de Chu
Interpretada em cantonense, esta cena apresenta elementos da ópera cantonense contemporânea. O uso de banghuang (um estilo de vocalização e de formulação tipicamente usado na ópera cantonense), xiaoqu (melodia curta), luohuatian (peça de música cantonense popular do início do século XX) e naamyam (canto narrativo cantonense) revela a incorporação de uma variedade de estilos tradicionais de canto.

Cena 3  O Garanhão Negro
Uma série de gestos estilizados expressam a agitação e desmoralização dos soldados. O novo arranjo de A Canção de Gaixia e a nova canção interpretada pela Concubina Yu foram compostos com base em melodias tradicionais, sendo o suicídio da Concubina encenado de forma arrojada, de modo a oferecer uma nova perspectiva sobre a personagem.

Acto II  Suicídio no Rio Wu

A empolgante percussão de estilo luobianhua (peça musical com gongos e tambores interpretada sempre que um general entra em cena), que acompanha a entrada de Xiang em cena, é um dispositivo abstracto incomum, que realça o seu desejo urgente de furar o cerco. Por outro lado, a angústia psicológica de Xiang quando este é visitado pelas vozes dos mortos é expressa através de novas melodias, sendo ainda usado um estilo de actuação teatral único, que prenuncia a sua escolha final.

Programa

Combinando técnicas tradicionais de ópera cantonense com cenografia e design de luzes contemporâneos, esta adaptação inovadora propõe uma nova leitura dos últimos momentos de um herói que vacila entre a realidade e a ilusão.

Sendo a primeira obra encomendada ao Centro Xiqu do Distrito Cultural de West Kowloon, a ópera recebeu óptimas críticas em várias cidades da Ásia. A produção foi distinguida como uma das “40 Peças de Teatro Experimental Mais Influentes da China Contemporânea” no âmbito do 40.º Aniversário do Teatro Experimental da China; reconhecida com o Prémio de Melhor Xiqu Experimental de 2017 na Expo de Artes Cénicas da China (Pequim) 2018, tendo ainda vencido um prémio de Obra Notável nas edições de 2018 e 2019 do Festival da Black Box de Ópera Xiqu (Pequim).

Conceito

Esta obra combina tradições da ópera cantonense e inovações arrojadas, abrindo a porta para permitir que uma forma de expressão artística centenária transcenda as estruturas tradicionais e explore obras novas e originais, de modo a forjar uma nova orientação para a ópera cantonense.

Esta nova leitura da tragédia histórica, contada da perspectiva de Xiang Yu, acompanha a queda do herói, desde o cerco e a derrota das suas tropas até à despedida final da sua amante e do subsequente suicídio desta. Cada cena vai mergulhando o herói cada vez mais fundo no desespero.

A cena de abertura, com a entrada de Xiang em palco e um prelúdio, revela o grau de perícia na execução de uma ópera cantonense tradicional. O cenário minimalista, uma visão contemporânea do arranjo tradicional de “uma mesa e duas cadeiras”, é complementado por um design de luzes moderno, com holofotes que acentuam o isolamento de Xiang. Ao longo da produção, as canções são interpretadas numa combinação de mandarim das Planícies Centrais e cantonense contemporâneo, cabendo a interpretação das melodias a um agrupamento de gongos e tambores típico na ópera cantonense tradicional. Quando Xiang se despede da sua concubina, os actores adoptam o bangzi e o erhuang, dois estilos de canto contemporâneos, interpretando as xiaoqu (melodias curtas) em cantonense. Nas secções finais, as melodias contemporâneas acentuam a turbulência psicológica de Xiang.

Notas Biográficas

Naomi Chung, Produção

Chung é membro da Associação de Teatro da China, tendo-se formado pelo Instituto das Artes da Califórnia com um MFA em Design de Luzes. Após integrar o Distrito Cultural de West Kowloon em 2011, Chung produziu uma série de eventos, incluindo o Teatro de Bambu de West Kowloon (2012, 2013, 2014), o Freespace Fest (2012), o Ciclo de Conferências do Centro Xiqu, Estrelas em Ascensão da Ópera Cantonense, O Vendedor de Fantasmas, a Ópera Cantonense Experimental Adeus Minha Concubina (Nova Adaptação), tendo ainda organizado vários programas de intercâmbio cultural no Interior da China. Em 2019, Chung produziu A Reincarnação da Ameixa Vermelha para a inauguração do Centro Xiqu. Antes de ingressar no Distrito Cultural de West Kowloon, Chung foi directora técnica das produções de Hong Kong na Expo 2010 em Xangai, na China, e chefe do Departamento de Programas e Educação da Orquestra Chinesa de Hong Kong (2001-2009).

Keith Lai, Dramaturgia, Encenação, Arranjador Musical e Actor (como Xiang Yu)

Lai licenciou-se em Chinês pela Universidade da Cidade de Hong Kong, sendo actualmente membro da Associação de Artistas Chineses de Hong Kong. Um apaniguado dos mestres da ópera cantonense Man Chin-sui e Poon Sai-lun, Lai estudou ainda com Man Lai-fung e Hon Yan-ming. Em 2010, foi distinguido com o Prémio de Actor Mais Promissor (Papel Juvenil de Personagem Masculina de Ópera) pela Associação de Artistas Chineses de Hong Kong e pela RTHK Radio 5. Em 2011, foi galardoado com o Prémio de Jovem Artista (Xiqu) pelo Conselho de Desenvolvimento das Artes de Hong Kong, tendo posteriormente criado a sua própria trupe, a fim de promover um novo estilo de ópera cantonense. Como libretista, Lai escreveu Filho do Céu, O Pavilhão da Brisa Suave e A Batalha do Trono, tendo ainda adaptado dois clássicos de Shakespeare, Sonho de Uma Noite de Verão e Hamlet, para ópera cantonense Um Sonho na Terra da Fantasia e A Vingança Consumada.

Janet Wong, Dramaturgia, Encenação, Arranjadora Musical e Actriz (como Yuji)

Wong formou-se em Ópera Cantonense em 2005 no âmbito do Programa de Certificado Avançado da Academia de Artes Performativas de Hong Kong, onde se especializou em papéis dan (femininos) e estudou com o músico Ng Lut-kwong. Desde então, actuou com várias trupes de ópera cantonense e criou a sua própria trupe de Teatro de Ópera Cantonense. Em 2011, Wong tornou-se actriz residente da Trupe de Ópera Cantonense de Jovens Talentos de Hong Kong. Em 2014, venceu o prémio de Actuação Notável no âmbito da Mostra de Estrelas em Ascensão da Ópera Cantonense, organizada pelo Distrito Cultural de West Kowloon; em 2015, venceu o Prémio de Melhor Jovem Artista (Xiqu) do Conselho de Desenvolvimento das Artes de Hong Kong; e, em 2021, foi galardoada com o Prémio de Jovem Artista Notável no 2.º Festival de Ópera Cantonense – Golden Bauhinia Awards.

Ng Lap-hei, Actor (como Noivo/Soldado)

Formado pela Academia de Ópera Cantonense de Hong Kong, Ng é actualmente actor no âmbito da Mostra de Jovens Talentos da Ópera Cantonense no Teatro Yau Ma Tei. Ng estudou com Wong Yee-man, Yeung Ming, Zhou Zhenbang, He Jiayao, Tsai Win-wei e Guan Shizhen. Em 2011, foi reconhecido como vencedor na categoria de trechos de ópera cantonense no Concurso de Ópera Cantonense Lim Por Yen Cup e na categoria juvenil no Concurso Cultural e Artístico Juvenil de Hong Kong (Ópera Cantonense). Em 2020, venceu o Prémio para Jovem Artista (Xiqu) do Conselho de Desenvolvimento das Artes de Hong Kong. Recentemente, actuou em Encurralado no Vale da Cabaça, Insultar Zhou Yu Três Vezes e No Encalço de Han Xin.

Rae Wu, Direcção Técnica

Formado em Sonorização Cénica e Gravação de Som pela Academia de Artes Performativas de Hong Kong, Wu integrou a equipa do Distrito Cultural de West Kowloon em 2013 como director técnico e director de produção, tendo participado na concepção do Centro Xiqu, do Art Park e do Freespace. Wu trabalhou como director de produção (Áudio) para o Centro Cultural de Hong Kong, como director técnico para o Ocean Park de Hong Kong e como director de produção para a Hong Kong Disneyland, tendo ainda colaborado como designer de tecnologia, coordenador técnico e director técnico para várias produções teatrais e concertos.

Wong Yat-kwan, Cenografia

Formado pela Academia de Artes Performativas de Hong Kong (HKAPA) e pelo Royal Welsh College of Music & Drama, Wong tem vindo, ao longo da última década, a trabalhar como designer de teatro independente para o Edward Lam Dance Theatre, o Teatro de Repertório de Hong Kong e o Festival de Artes de Hong Kong. Em 2009, Wong colaborou como designer principal no projecto de design de um hotel boutique, o 1881 Hullet House. Em 2011-2012, leccionou no Royal Welsh College of Music & Drama. Em 2014, foi artista residente na HKAPA, sendo actualmente professor de Design Teatral na Faculdade de Teatro e Artes do Entretenimento. Recentemente, colaborou em várias produções, incluindo Porque Conversamos pelo Edward Lam Dance Theatre, Poeira e Aurora da HKAPA e O Julgamento Impossível – Um musical, co-apresentado pelo Distrito Cultural de West Kowloon e pelo Teatro de Repertório de Hong Kong.

Leo Siu, Design de Luzes

Licenciado em Design de Luzes pela Academia de Artes Performativas de Hong Kong (HKAPA), Siu participou, como estudante, em programas de intercâmbio académico na China (Pequim e Xangai) e no Reino Unido. Actualmente, é designer de luzes independente, tendo trabalhado em múltiplas e variadas produções, incluindo a Ópera Cantonense Experimental O Decreto Imperial (Ante-estreia) e Wenguang Explora o Vale do Centro Xiqu do Distrito Cultural de West Kowloon, La Cage aux Folles do Teatro de Repertório de Hong Kong, Sonhador Offline da iStage, Danz Up 2.0 do Festival de Artes de Hong Kong, Pippin da HKAPA, Terças-feiras com Morrie da Companhia de Teatro Chung Ying e A Cabra, ou Quem é a Sílvia? do Grupo We Draman.

Wan San-hong, Design de Som

Licenciado em Design de Som para Teatro e Gravação de Música pela Academia de Artes Performativas de Hong Kong (HKAPA), Wan é co-fundador da Freelancer Production Company. Com As Devastações do Tempo 1: Heróis, Wan foi galardoado com o Prémio de Melhor Design de Som na 28.ª edição dos Prémios de Teatro de Hong Kong. É actualmente um profissional de teatro independente, participando nas produções de várias companhias, incluindo: Radix Troupe, Cinematic Theatre, Companhia de Teatro Chung Ying, Companhia de Dança de Hong Kong, Distrito Cultural de West Kowloon, Beamates, Actors’ Square, entre outras.

Mao Yijun, Líder do Agrupamento

Mao começou, desde cedo, a aprender gaohu, tendo ingressado aos 12 anos na Escola de Ópera Cantonense de Guangdong, onde estudou com Chen Zhiyi. Em 2021, licenciou-se pela Faculdade de Ópera Chinesa da Academia de Artes Performativas de Hong Kong, onde estudou gaohu e acompanhamento instrumental com Ng Lut-kwong, Luo Qinger e Lei Yeying, tendo ainda estudado técnicas de gaohu e interpretação de música cantonense com Yu Qiwei. Durante os estudos, recebeu várias bolsas, incluindo uma bolsa de estudos Fredric Mao e uma bolsa da Fundação Lam Kar Sing. No seu percurso, incluem-se actuações na ópera O Pavilhão das Cem Flores, obra encomendada pelo Festival de Artes de Hong Kong, e em Princesa Floral pelo Workshop de Ópera Cantonense Utopia.

Chan Ting-pong, Líder do Agrupamento de Percussão

Chan integrou a Trupe Juvenil de Ópera Cantonense Barwo, a Ópera Cantonense Kim Sum e a Trupe de Ópera Cantonense Kam Yuk Tong para aprender movimentos e posturas estilizados, tendo ainda estudado arte vocal com Tong Kin-woon e percussão com Kong Sing na Academia de Ópera Cantonense de Hong Kong. Chan trabalhou, posteriormente, como líder de agrupamento de percussão em actuações de ópera cantonense, incluindo da Ópera Cantonense Experimental Adeus Minha Concubina (Nova Adaptação) e de Wenguang Explora o Vale, as quais foram aclamadas pela crítica. Chan venceu vários prémios em concursos de ópera cantonense, tendo, recentemente, adaptado diversas peças para ópera cantonense. Em 2021, ganhou o Prémio de Jovem Artista (Xiqu), conferido pelo Conselho de Desenvolvimento das Artes de Hong Kong.

Distrito Cultural de West Kowloon

O Distrito Cultural de West Kowloon é um dos maiores projectos culturais do mundo, tendo como visão criar um novo e vibrante bairro cultural em Hong Kong numa área de aterros com 40 hectares, ao longo de Victoria Harbour. Englobando um leque diverso de teatros, salas de espectáculos e museus, o Distrito Cultural de West Kowloon produz e alberga exposições, espectáculos e eventos culturais de classe mundial, proporcionando 23 hectares de espaço público aberto, incluindo uma zona pedonal ribeirinha de dois quilómetros.

Centro Xiqu 

Sito na extremidade oriental do Distrito Cultural de West Kowloon, o Centro Xiqu tem como missão preservar, promover e desenvolver a arte do teatro tradicional chinês, fomentar o estilo local de ópera cantonense e promover outros estilos de xiqu. A fim de promover o legado e as tradições do teatro tradicional chinês, o Centro Xiqu apoia vários artistas na criação de novas obras, contribuindo para formar uma nova geração de artistas locais. Por meio de actuações, da criação de obras, de iniciativas educativas, da investigação e do intercâmbio, o Centro visa levar a ópera xiqu a um público mais alargado e criar uma nova plataforma para o desenvolvimento contemporâneo desta forma de expressão artística.



 

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