33.º Festival de Artes de Macau

m@rc0 p0!0 endg@me 2.0

Associação de Arte Teatral Dirks x Estúdio Paprika

Programa

Marco Polo, um comerciante veneziano, chega à capital da Dinastia Yuan pela Rota da Seda para visitar o palácio do imperador Kublai Khan e relata as suas histórias das cidades que visitou pelo caminho. Através das histórias, o imperador entra num labirinto de diálogos, discutindo os significados da memória, do símbolo, do desejo e da morte. O diálogo acaba por transformar-se numa sucessão de jogos de xadrez.

Ao longo do diálogo, iremos usar óculos especiais para entrar na realidade virtual (RV) sob a orientação duma assistente virtual inteligente. Iremos percorrer essas cidades virtuais invisíveis outrora visitadas por Marco Polo e desfrutar de uma experiência intrigante.

 

Observações:
1. O programa é restrito ao público entre os 13 e os 65 anos, não adequado a pessoas nas seguintes condições:
 – Grávidas e indivíduos que sofram de doenças cardiovasculares ou outras patologias graves;
 – Indivíduos com epilepsia;
 – Indivíduos com conjuntivite ou outras doenças contagiosas da vista;
 – Indivíduos com outras incompatibilidades relativamente à experiência de RV.
2. Algumas pessoas poderão sentir tonturas e náuseas ao usar óculos de RV, devendo o público proceder, por iniciativa própria, à avaliação da sua saúde e do seu estado físico. O público deverá assumir a responsabilidade por quaisquer problemas de saúde decorrentes da sua própria conduta de risco.

Notas do encenador

O que é a realidade?

O teatro e a realidade virtual têm muito em comum. Todos sabemos que tudo no palco é “fictício”. Os actores representam os seus papéis em circunstâncias fictícias e simplesmente fazem com que as suas emoções e movimentos pareçam reais. O cenário facilita a imaginação do espaço, enquanto o teatro em si é um produto da realidade e da ilusão. Em comparação com outros média, a RV está num estágio muito preliminar de desenvolvimento, como uma criança. Usada como ponto de partida para a criação ou brainstorming, a RV foi desenvolvida inicialmente com uma declaração de que realidade e ilusão não são contradições, mas uma série inter-relacionada de argumentação. Podemos vasculhar na natureza da realidade de uma maneira muito filosófica mas, contudo, vendo-a como um meio criativo, fiquei sobretudo intrigado com o tipo de histórias que ela pode contar. Como é que se relaciona com o mundo “real”? Que imaginação ou sentimentos pode desencadear?

Não é apenas um vídeo panorâmico que irão experimentar no mundo virtual, mas também um cenário interactivo gerado pelo computador em tempo real. Visualmente, essas cenas ainda estão longe da “verdadeira” realidade, mas permitem que façamos parte delas, como o teatro imersivo que se tornou popular nos últimos anos. Tecnicamente, a atual tecnologia RV ainda não é capaz de criar um mundo que se assemelhe aos que aparecem em filmes como The Matrix ou Ready Player One. No entanto, conceitualmente, um virtual imersivo já existe e está à espera que entremos nele.

Para mim, a realidade são estratos de factos. Através de actores, do teatro ou da tecnologia RV, vamos desvendar os factos estrato por estrato... e é a isso que chamamos processo criativo. Jaron Lanier, o pai da realidade virtual, disse que o mais fantástico momento que experimentou com RV não foi quando colocou os óculos de realidade virtual, mas o momento em que os tirou, voltou à “realidade” e experimentou tudo nela mais uma vez. Como esse tipo de experiência é semelhante ao teatro.

Por Adrian Yeung

Notas das directores artísticos

A Associação de Arte Teatral Dirks defende sempre o princípio da “criação, prática e intercâmbio”, criando produções originais em diferentes formas com valores culturais ricos com base no estudo da relação entre identidade pessoal, comunidade e cultura. Através de abordagens ao teatro sem limites e da colaboração com artistas de diferentes campos, descobrimos, exploramos e desenvolvemos novos temas e formatos de actuação.

A arte e o teatro estão sempre enraizados na evolução dos estados mentais humanos e reflectem a relação entre o mundo e as pessoas. A tecnologia entrelaçou-se com a vida a um nível sem precedentes, e “interfere” mesmo na mente das pessoas e “entra” no metaverso, onde todos os sentimentos podem ser ainda “mais verdadeiros” do que os da “realidade”. Podemos ou aceitar as mudanças ou fazer uma retirada para evitar sermos “invadidos” tanto quanto possível. Como é que definimos “realidade”? Como a aproveitamos ao máximo? Quando as “realidades” de uma centena de pessoas levam a mais de uma centena de interpretações, podemos ainda encontrar a linguagem da partilha, da empatia e da experiência?

Talvez realmente não importe, já que a maioria das experiências hoje em dia existe apenas em fragmentos ou em natureza transitória. Ninguém pode de forma alguma entender completamente o outro, e mesmo nós mesmos podemos não entender verdadeiramente o que somos. As experiências são indescritíveis, como cidades a flutuar numa nuvem. Só mergulhando fisicamente em experiências semelhantes, uma e outra vez, aprendendo a fazer escolhas e ganhando uma empatia tão persistente, mas tão estimulante, nas nossas mentes, é que podemos finalmente fazer mais do que apenas “saber” – todas estas ligações nos permitem ficar entre a ilusão e a realidade e descobrir como é o mundo que procuramos.

Os nossos agradecimentos a Adrian Yeung, nosso querido amigo e parceiro ao longo dos anos, por se juntar a nós neste espaço teatral.

Por Ip Ka Man e Wu May Bo

Notas Biográficas

Adrian Yeung, Encenação, Texto, Design e Produção de RV

Licenciado pelo Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Hong Kong, é actualmente designer de multimédia e encenador de teatro. Entre os projectos em que participou, contam-se: Todas as Memórias Estão Aguadas, onde se recorre a tecnologia de captação de movimento para apresentar a cidade de Hong Kong na década de 1960; m@rc0 p0!0 endg@me, que combina realidade virtual e teatro imersivo; O Inferior, que explora os limites morais do real e do virtual; Paisagem de Ozu, que reproduz a estética cinematográfica serena e elegante de Yasujiro Ozu por meio de filmagens ao vivo. Em 2014, Yeung esteve em Nova Iorque (EUA) com uma bolsa do Asian Cultural Council para estudar os novos média e as artes teatrais do país. De 2018 a 2020 foi docente no Departamento de Design e Tecnologia de Comunicação da Academia de Artes Performativas de Hong Kong.

Ip Ka Man, Direcção Artística e Interpretação

Co-Director Artístico da Associação de Arte Teatral Dirks e professor autorizado do Método Feldenkrais ATM™. Participou em várias peças da Associação de Arte Teatral Dirks, incluindo: Ecos em Sonhos, Felizes até ao Sétimo Céu, “Teatro-Fórum – Assine aqui, por favor”, Canção Longínqua, Teatro-Fórum – Um Lugar a Que Chamamos LAR, Um Número, “A Lição, Macau”, Oleanna, A Noite antes da Floresta, O Inferior, Tomo a Tua Mão na Minha. Participou ainda em produções teatrais de outras companhias de teatro, incluindo Poética de Hong Kong, Sonhar Acordados em 1984, Copenhaga, Um Mundo de Jogo, Despedida: O Corpo em 16 Capítulos e Der gute Mensch von Sezuan (A Boa Alma de Sichuan).

Wu May Bo, Direcção Artística e Interpretação

Co-Directora Artística da Associação de Arte Teatral Dirks, encenadora de teatro, actriz, coreógrafa de movimento, Wu licenciou-se com distinção pela Escola de Teatro da Academia de Artes Performativas de Hong Kong, tendo concluído um mestrado em Estudos Culturais e Artes Cénicas na Universidade de Leeds, bem como um mestrado em Estudos do Movimento na Royal Central School of Speech and Drama da Universidade de Londres. As suas criações têm sido levadas à cena em múltiplas salas de espectáculos na Ásia, América e Europa. Wu leccionou na Escola de Teatro do Conservatório de Macau de 2008 a 2011 e na Faculdade de Educação da Universidade de Macau de 2013 a 2014. Nos últimos anos, participou em várias produções, incluindo Normal, Oleanna, A Noite Antes da Floresta, O Inferior e Cidades Versáteis.

Anson Chan, Interpretação

Formado pela Escola de Teatro da Academia de Artes Performativas de Hong Kong, o seu projecto final de licenciatura, intitulado O Preto e Azul de Um Homem, venceu o prémio de Melhor Espectáculo Global, sendo seleccionado como um dos Dez Espectáculos Mais Populares na 22.ª edição dos Prémios de Teatro de Hong Kong. Chan é membro da companhia artística Common Ground e do grupo musical The Interzone Collective, que, em 2016, criou a peça de teatro de dança e leitura The Interzone Collective, combinando poesia, música de handpan e movimentos corporais. Entre os seus mais recentes espectáculos, contam-se Amor em Tempos de, Outras 18 Maneiras de Criar ou Silenciar o Som e Códigos Corporais II: Paisagem Performativa, tendo ainda actuado em espectáculos com várias companhias, como o On & On Theatre Workshop e o Theatre Horizon.

Arnold Chan, Design e Produção de RV

Licenciado pelo Departamento de Cinema e Televisão da Universidade Baptista de Hong Kong, Chan dedica-se profissionalmente à criação de jogos e experiências interactivas. Em contraste com as narrativas lineares, Chan pretende proporcionar uma experiência única aos jogadores por meio de jogos interactivos, tendo criado um ambiente de realidade virtual para A Ilusão do Dragão, um espectáculo que combina dança ao vivo e projecções. Actualmente, é o co-organizador do Gamestry Lab, uma equipa de desenvolvimento de jogos em Hong Kong, e os seus jogos electrónicos independentes Balance Breakers e CyberMeow2048 foram já exibidos no Japão, em Hong Kong e em Taiwan, entre outras regiões.

Lam Ka Pik, Cenografia e Design de Figurinos

Cenógrafa e figurinista independente, formada em Cenografia pela Wimbledon College of Art e mestre em Cenografia Teatral pela Real Escola Galesa de Música e Teatro. Tem participado em várias produções na Ásia e na Europa. Os seus mais recentes projectos de design incluem Normal, Mais Vasto Que o Oceano, Radiant Vermin, Antes Que o Café Arrefeça, Vejo-te através de Memórias e Quem Somos?, um projecto representativo de Macau exibido no âmbito da Quadrienal de Design e Espaço de Performance de Praga.

Kenneth Cheong, Design de Iluminação

Cheong formou-se em Design de Luzes pela Faculdade de Artes Cénicas e Produção da Academia de Artes Performativas de Hong Kong, onde estudou com uma bolsa do Instituto Cultural de Macau. Recentemente, trabalhou na iluminação para várias peças, incluindo A Agonia, A Caixinha de Tesouros da Avó, o musical Café 22º N e audītŭs, a instalação interactiva de multimédia Intermédio e De Que Estamos à Espera?.

Chan Ming Kin, Música e Design de Som

Chan formou-se em Design de Som e Gravação de Música pela Academia de Artes Performativas de Hong Kong. Foi operador e coordenador de som em múltiplos espectáculos de várias companhias artísticas de Hong Kong, incluindo a Actors’ Family a Spring-Time Stage Production e o W Theatre. Foi galardoado com o prémio de Melhor Design de Som na 16.ª edição dos Prémios de Teatro de Hong Kong pelo seu projecto Vazio. Os seus trabalhos mais recentes incluem Nove Paisagens Sonoras, Do Pó às Cinzas, Pateta Apaixonado e A História de Kong Yiji.

Nicco Sun, Caracterização

Sun é designer de maquilhagem e estilista a tempo inteiro, possuindo um Diploma da iTEC britânica em Maquilhagem de Moda, Teatro e Comunicação Social. Os seus projectos mais recentes incluem Same Time Next Year, Café 22º N, Piscina (Sem Água), Um Lugar a Que Chamamos LAR, O Senhor Burro, O Vestido Fica-lhe Bem, Pequeno Escape, Nove Paisagens Sonoras, O Fofinho Branco, Os Sapos Que Desejavam Um Rei, O Rapaz Rosa, A Cabra, ou Quem é a Sílvia?, A Proximidade da Distância, Um Número e A Flauta Mágica.

Fong Sin, Produção

Fong dedica-se à produção, coordenação e administração de espectáculos teatrais. Entre os seus projectos mais recentes, contam-se O Homem Almofada, Same Time Next Year, Normal, Canção Longínqua, ZILO: Heritage Stroll Festival, Piscina (Sem Água) e Agência de Detectives Ep. 1.

Celina Mok, Assistente de Produção

Como trabalhadora independente, Mok dedica-se sobretudo à administração, coordenação, planeamento e produção de espectáculos teatrais. Nos últimos anos, participou na produção de Normal, A Hora Azul, Fanyi 4.48, Jam with the City e Moldura – Ciclo de Peças de Teatro Playback Online.

Sam Man Kei, Directora de Produção

Com vários anos de experiência em produção, tecnologia e direcção de cena, Sam é actualmente directora técnica e de produção da MIIS Produção, ministrando também cursos de direcção de cena e produção de espectáculos.

Jonathan Lam, Direcção de Cena

Natural de Macau e tendo estudado no exterior, Lam regressou à cidade onde passou a dedicar-se profissionalmente ao planeamento de eventos, à recepção de convidados, à direcção de cena e a trabalhos de natureza técnica, sendo actualmente director de produção da MIIS Produção. Mais recentemente, participou na produção de Normal, A Caixinha de Tesouros da Avó, Piscina (Sem Água), Macau Contemporary Dance & Exchange Springboard 2021, Um Lugar a Que Chamamos LAR, O Vendedor de Histórias dos “Espectáculos no âmbito da Excursão Cultural Profunda nas Zonas do Porto Interior e da Taipa” e Contra a Luz.

Lao Chi Wai, Adjunta de Direcção de Cena

Como profissional de artes cénicas a tempo inteiro, Lao dedica-se sobretudo à assistência de direcção de cena, bem como ao design de espaços, design de adereços e produção. Os seus projectos mais recentes incluem A Hora Azul, Fanyi 4.48, A Day in the Life, Carlos I, Double Bill por Hiroaki Umeda, Same Time Next Year, Antes Que o Café Arrefeça, Do Pó às Cinzas, Um Número e Oleanna.

 

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