33.º Festival de Artes de Macau

Eu Sou Uma Lua

Teatro da Torre do Tambor Oeste

Personagens e Elenco

Justin: Ding Yiteng
Angela: Kang Tongge
Jimmy: Wang Dingyi
Mei: Huang Yizi
Homem: Zhang Jiahuai
Bailarino: Liu Shang
Apresentadora: Kang Yutian

Notas ao Programa

Um piano amolgado por saltos altos, uma maçã escurecida na prateleira, um corpo coberto de marcas de amor e a Lua a cerca de 400 mil quilómetros de distância da Terra – o que têm todos em comum?

Um empregado de escritório que perdeu a actriz que admirava, uma estudante que adora espiar a vizinha, um cantor de rock com o corpo coberto de chupões, o dono de uma frutaria e a sua esposa que se conheceram na faculdade e um astronauta que deseja pisar a Lua... Cada um vai navegando ao sabor das complexidades dos seus anseios ao luar.

Seis histórias independentes, mas interligadas, vão sendo entretecidas ao longo de uma viagem poética, plena de humor negro, através da beleza do lado feio destas personagens.

Notas da Dramaturga

Todos nós somos um pequeno pedaço perfeito de carne quando nascemos, no qual o tempo vai deixando vários tipos de marcas: cicatrizes advindas de tropeções, marcas de óculos na ponte nasal, dedos com manchas de tabaco, calos nos calcanhares devido ao uso de saltos altos, uma tatuagem com o nome do desprezível ex-namorado e cinco quilos a mais por causa do Festival da Primavera... Tudo isto vai-nos moldando gradualmente até nos transformar na pessoa que somos. Tal como a lua, uma bela esfera brilhante quando vista de longe, mas que está coberta por densas crateras – cada uma causada por uma colisão – apenas visíveis quando chegamos suficientemente perto. Entrar na vida de alguém pode ser, por vezes, tão difícil e moroso como poisar na lua.

Por Zhu Yi

Notas do Encenador

Acho impossível que a dor desapareça. Ela pode ser aliviada ou resolvida, mas nunca eliminada. As experiências dolorosas ficarão impressas no nosso corpo e ficarão connosco para sempre. Por exemplo, uma ferida no nosso rosto ou na nossa mão dará lugar a uma crosta, depois a uma cicatriz e, por fim, a uma marca no nosso corpo. O número de marcas vai aumentando até nos cobrir o corpo inteiro, tal como as crateras cobrem a superfície da lua; e, contudo, esta continuará sempre a girar, fazendo-nos companhia e iluminando as noites escuras. Não é tão brilhante como o sol, mas também não é escura, o que, para nós, já é suficiente.

Quando li, pela primeira vez, o guião de Eu Sou Uma Lua, desenvolvi logo um conceito relativamente claro de estética visual e sonora na minha cabeça. A cena da aterragem na lua que percorre toda a peça cria uma aura cerimonial austera, mas também bastante futurista. As personagens absurdas e as cenas fervilhantes aparentemente irrelevantes são concebidas em tons rosados, quentes e oníricos, que evocam uma aura bizarra de urbanismo e desapego. A minha relação com esta peça foi mudando gradualmente à medida que fui compreendendo melhor o texto e ensaiando com os actores. Durante o processo de criação, mergulhei na ambiência criada entre mim e a obra, para que os meus sentimentos pudessem fluir à vontade.

Por Ding Yiteng

Um Conto Urbano Poético: Eu Sou Uma Lua

Eu Sou Uma Lua é uma produção poética em que a viagem à lua é usada como metáfora da busca do autoconhecimento. Escrita por Zhu Yi, dramaturga chinesa radicada nos Estados Unidos, esta peça combina o sentimento solitário e poético exclusivo da literatura chinesa e o humor negro autodepreciativo americano. Esta divide-se em duas partes: a viagem à lua de um astronauta isolado e as histórias interligadas de cinco pessoas comuns, ecoando os estados de espírito do astronauta durante a sua viagem.

A peça será apresentada pelo Teatro da Torre do Tambor Oeste num palco concebido de forma engenhosa. No centro, encontra-se um parque infantil giratório em cujo pano de fundo o astronauta pode ser visto ora a andar de bicicleta, ou a empurrar a lua enquanto caminha. O intrigante palco de conto de fadas convida o público a entrar no céu estrelado para vislumbrar as vidas das personagens de uma perspectiva omnisciente.

Eu Sou Uma Lua é uma peça cheia de vitalidade, brilhando com o sentido apurado de observação da vida por parte da dramaturga e com o olhar do encenador sobre as subtilezas que permeiam as relações humanas, deixando o público com uma visão mais solidária e poética da vida.

Por Becca Cheung
Cheung é licenciada em Encenação pela Escola de Teatro da Academia de Artes Performativas de Hong Kong, tendo igualmente trabalhado em teatro físico e dramaturgia.

Excerto de um artigo escrito originalmente em chinês

Notas Biográficas

Zhu Yi, Dramaturgia

Uma dramaturga premiada, Zhu nasceu e cresceu na China, residindo actualmente em Nova Iorque. Zhu concluiu um MFA em Dramaturgia da Universidade de Columbia (Nova Iorque), sendo actualmente membro do Dramatists Guild of America, do Programa Internacional de Dramaturgos do Royal Court Theatre (Reino Unido) e do Ma-Yi Writers Lab. Em 2012-2013, foi seleccionada como Artista Emergente no âmbito do Workshop de Teatro de Nova Iorque e foi professora visitante na Universidade de Nanjing. As suas peças têm sido encenadas em todo o mundo, incluindo no Festival Internacional de Edimburgo, no Festival Internacional Fringe de Nova Iorque, no Teatro Abbey na Irlanda, no Teatro Nacional da China, no Centro de Artes Dramáticas de Xangai, no Festival de Cinema Asiático de Nova Iorque e no Festival de Cinema Cavalo Dourado de Taipé. Entre as suas obras mais célebres, contam-se Eu Sou Uma Lua, Longa Vida, Um Acordo e Nunca Tocaste Na Terra.

Ding Yiteng, Encenação e Actor (como Justin)

Ding concluiu o seu mestrado em Representação Teatral no Goldsmiths College da Universidade de Londres e o seu doutoramento em Encenação na Academia Central de Teatro. Tendo iniciado a sua carreira no teatro como actor, Ding passou, mais tarde, a trabalhar como encenador, tendo apresentado várias peças em festivais de teatro locais e internacionais, entre as quais se destacam Injustiça para Tou O, Eu Não Matei o Meu Marido e Frankenstein: Paraíso Perdido na Escuridão.

Kang Tongge, Actriz (como Angela)

Kang é actriz e profissional de teatro, tendo actuado em O Novo Romance da Câmara Ocidental, O Longo Verão, Frankenstein: Paraíso Perdido na Escuridão, Injustiça para Tou O e Vento, Areia e Estrelas.

Wang Dingyi, Actor (como Jimmy)

Formado pela Academia Central de Teatro, Wang é actor e encenador, tendo actuado em Um Inimigo do Povo, O Mestre Construtor, Como Aprendi a Conduzir, Cinco Actos da Vida – Contos de Lao She e O Incrível Detective Di Renjie, e encenado Três Raparigas Perdem-se no Regresso.

Huang Yizi, Actriz (como Mei)

Huang é actriz, tendo actuado em Um Conto da Cidade do Gato, Para a Floresta, Um Behanding em Spokane, Um Inspector Telefona, Mais perto, A Gaivota, O Pelicano, L'Aide-mémoire, Bater na Porta da Felicidade e Caçador de Espiões.

Zhang Jiahuai, Actor (como Homem)

Zhang é actor, tendo actuado em Diário de Um Louco, Mofei, O Homem Almofada, Contos de Mrozek, Um Número, Lu Xun, A Loucura, A Metáfora da Sombra e Um Homem Que Voa para o Céu.

Liu Shang, Actor (como Bailarino)

Coreógrafo e bailarino, Liu actuou em Regresso a Casa, Ela Quer Procurar a Felicidade, Canção da Juventude, Virar Etéreo, Silhueta Mental dos Moribundos e Brisa Suave.

Kang Yutian, Actriz (como Apresentadora)

Kang é actriz, tendo actuado em Todos Temem a Noite e Se a Vida Fosse Como Quando Nos Conhecemos.

Teatro da Torre do Tambor Oeste

Acreditando que as ideias inovadoras são a chave para uma peça verdadeiramente vanguardista, o Teatro da Torre do Tambor Oeste tem-se dedicado à encenação de clássicos da literatura chinesa e ocidental em produções teatrais, incluindo O Homem Almofada, Eu Não Matei o Meu Marido, Um Inspector Telefona, Uma Frase Que Vale Por Dez Mil, A Miss Beleza de Leenane e Cenas de Um Casamento.

Em 2021, a companhia lançou o “Projecto de Desenvolvimento de Talentos 1+1”, com o intuito de descobrir novos talentos e de proporcionar aos mesmos uma plataforma para explorarem o seu potencial. Além disso, com ênfase na criação de espectáculos a solo, a companhia promoveu o ciclo “Espectáculos a Solo do Teatro da Torre do Tambor Oeste”, em comemoração do seu 8.º aniversário, entre os quais o aclamado Ouve o Teu Macaco Interior, tendo realizado o primeiro Festival de Espectáculos a Solo do Teatro da Torre do Tambor Oeste em Março de 2023, a fim de dar a conhecer as infinitas possibilidades do monodrama a um público mais alargado.

Equipa de Produção de Eu Sou Uma Lua

Representantes: Li Yangduo, Li Jie e Chen Long
Dramaturgia: Zhu Yi
Encenação: Ding Yiteng
Produção: Wu Sicong
Cenografia: Zhang Wu
Design de Luzes: Deng Wen
Composição: Ding Ke
Supervisor de Guarda-roupa: A Kuan
Design de Figurinos: Lei Jinwei
Design da Imagem: Meng Siyu
Design de Som: Fang Minna
Coreografia: Liu Shang
Design do Cartaz: Zhang Liguo
Produção Executiva: Wang Miaotian
Direcção de Cena: Cheng Yiwan
Direcção de Produção: Han Li
Direcção de Projeto: Shu Yu
Direcção Técnica: Zhang Shaowei
Agradecimentos:Li Ao, Wang Ren e Lv Xiaoping
Apresentado por: Teatro da Torre do Tambor Oeste, Mailive, New Era Group e Suzhou Cultural Investment

 

Projecto de Desenvolvimento de Talentos 1+1 *

Direcção de Projeto: Li Yangduo
Produtores-Chefe: Su Xi e You Jia
Chefe de Produção: Wu Sicong
Assuntos Gerais: Ma Xianglong

* Eu Sou Uma Lua é um dos programas deste projecto



 

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