Cada nação tem o seu próprio carácter peculiar, e o japonês em particular, é um ser religioso porque supersticioso, que teme a Deus (ou aos deuses), a si, aos outros, ao grupo e ao ambiente — as ilhas que habita, o mar que o envolve e o céu que o observa. Para se proteger de tudo e de todos, o japonês encontrou no xintoísmo primeiro, e no budismo depois, princípios e crenças que o moldam no diálogo com a natureza e com a sociedade. Escapou-lhe o cristianismo, que propunha a síntese de todas as crenças, mas impunha o monopólio da verdade.
Entre a fúria dos elementos e a fúria dos homens, o japonês acha-se protegido pelo xintoísmo e pelo budismo. O japonês é talhado por cinzel xintoísta, mas com mão budista. Ensinado a admirar o belo, o japonês recria o meio contido e exemplar, onde procura uma espiritualidade minimalista, depurada e disciplinada tão bem sintetizado no jardim japonês.
Entre a religiosidade budista e o amor à natureza protagonizado pelo xintoísmo, o japonês procura o belo e o perfeito num equilíbrio (quase) impossível.