Malaca, situada no estreito do mesmo nome, na costa ocidental da Península Malaia e frente à Ilha de Samatra, começou por ser uma pequena aldeia piscatória, que durante o século XIV, ganhou importância pela sua privilegiada posição geográfica — ponto de passagem quase obrigatório nas ligações marítimas entre o Oceano Índico e o Extremo Oriente — e por, nessa altura, poder garantir a segurança da navegação, ameaçada por piratas chineses e malaios. Fundada como cidade-estado hindu, em 1403, por Parameswara, transformou-se depois num sultanato muçulmano, cerca de 1414.
Com a intensificação generalizada das trocas comerciais, novas rotas surgiriam. O uso, generalizado, da moeda, deu origem ao aparecimento de grandes fortunas e fez com que a noção de valor evoluísse. A própria região tinha tendência a organizar-se à volta de um mar interior que funcionava, cada vez mais, à maneira de um Mediterrâneo.
Três redes mercantis iriam concorrer entre si: a rede chinesa, a rede muçulmana e, por último, a rede cristã.
A política oficial do sultanato era a de favorecer o estabelecimento de comerciantes estrangeiros na cidade. Os portugueses continuaram com esta política, após a conquista da cidade, pelo menos, durante a primeira metade do século XVI.
Com a conquista de Malaca pelos portugueses, em 1511, um novo grupo aparecia: os casados, que eram soldados portugueses casados com mulheres locais. Estes casados tomaram parte activa no comércio de cabotagem, visto não serem bem aceites no comércio de longo curso, somente partilhado pela Coroa com a nobreza.
Progressivamente acentuou-se a decadência de Malaca no comércio à distância, o que em grande parte se deveu ao crescente desenvolvimento dos portos de Achém, Johor, Patane e Sunda, para onde uma parte dos navios mercantis vinha sendo desviada, nomeadamente por acção dos guzerates e dos descendentes do anterior sultão de Malaca e seus sucessores.