Prefácio










Introdução


Posfácio


Ilustração


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A exposição Traços de Dragão: Caligrafia por Eruditos 2012, um presente para todos os amantes das artes, é o complemento de uma série de seminários realizados anualmente pelo Museu de Arte de Macau sobre caligrafia e pintura das Dinastias Ming e Qing. Dos eruditos que participam nesta exposição, muitos não são somente grandes especialistas, avaliadores e conhecedores, são também artistas reconhecidos nas áreas da caligrafia e pintura. Por isso, no ano passado, propus ao Sr. Fu Shen reunir e convidar estes eruditos para se organizar uma exposição de caligrafia, e partilharem connosco a sua arte. Prontamente, concordou com a minha proposta, e o Museu convidou oito eruditos para participar nesta exposição nomeadamente, Fu Shen, Yang Xin, Xue Yongnian, Xiao Ping, Cao Baolin, Huang Dun, Liu Yiwen e Bai Qianshen. De acordo com a astrologia Chinesa, no ano de 2012 celebra-se o Ano do Dragão, daí que tenhamos intitulado esta exposição de Traços de Dragão.

Esta é uma exposição de caligrafia muito especial, pois todos os autores demonstram uma inerente predisposição para a caligrafia e pintura antigas. A partir dos seus trabalhos podemos observar a sua percepção sobre a arte da caligrafia, a forma como a exploram, assim como a sua criatividade artística. Um erudito meticuloso, como o Sr. Fu Shen, permanece sério e consciencioso na avaliação de antigos trabalhos caligráficos e pinturas, adicionando ao conhecimento da verdade o conceito de “deixar as evidências falarem por si próprias”, máxima defendida pela Puxue (uma escola de pesquisa empírica activa nos períodos de Qianlong e Jiaqing). A caligrafia de Fu é experimental e caracteriza-se por possuir diversos tipos de escrita num único trabalho. O conteúdo dos seus trabalhos expressa a sua preocupação pelo ambiente e humanidade com uma perspectiva contemporânea. Os seus textos falam sobre fugas de radioactividade despoletadas por terramotos e tsunamis, revelando a sua simpatia e afectividade pelas vítimas.

Tendo em conta as temáticas destes trabalhos, tínhamos um enorme desejo de ver mais trabalhos originais, o que encontrou eco entre os eruditos, pois evidenciaram a sua poesia, estudos e posfácios, e revelaram a profundidade dos seus conhecimentos académicos sobre a literatura clássica. A poesia caligrafada pelo antigo director do Museu do Palácio, o Sr. Yang Xin, é bastante comovente e vívida; por exemplo, na poesia dedicada ao “Retrato de Zhong Kui” de Nitian, ele escreveu: “Caminhando pelas montanhas, florestas e cidades, porque motivo o seu olhar é tão feroz e seus bigodes se eriçam? Incorporando a aparência de Zhong Kui em 12 pés-Chineses, pensamos que existem demasiados espíritos malignos na Terra”. A linha final do texto é possante e forte. Na parte final do texto podemos ler: “O retrato de Zhong Kui, num papel que mede 12 pés-Chineses, realizado por Ni Mogeng, revela a poderosa e farta barba de Zhong; na minha opinião, devia ser pendurado no Portão Nacional.” A última linha é impressionante e o seu significado é dúbio: pois utiliza a ironia para evidenciar a realidade e ao mesmo tempo mantem a dignidade e a retidão.

O Professor Xue Yongnian desenvolveu sólidos conhecimentos sobre os estudos Chineses e a sua investigação é reconhecida pela profundidade e abrangência. Devido à sua alargada área de interesses é conhecido como sendo uma enciclopédia viva. E, a sua caligrafia reflecte os seus conhecimentos em diversas áreas.

Dos oito eruditos, alguns são pintores que estão preparados para acrescentar um delicado toque de pintura através de um súbito impulso. Por exemplo, o Sr. Yang Xin pintou um vaso com ervas elegantes e vigorosas para complementar o texto da sua caligrafia; o sr. Xiao Ping tem um evidente talento para a pintura, pelo que a sua imitação da paisagem de Ni Zan foi escolhida para ser exibida nesta exposição.

Cada um destes eruditos tem qualidades e talentos diversos, os seus trabalhos reflectem o seu carácter assim como o seu percurso académico. Os trabalhos de Bai Qianshen revelam um ambiente agradável e tranquilo. Cao Baolin herdou a qualidade do seu mestre, e o seu estilo é muitas vezes associado com o espontâneo estilo livre de Mi Fu e o inquestionável e conservador estilo de Su Shi. Os traços de Liu Yiwen são naturais, graciosos e vivos. Huang Dun – que deseja fazer renascer o estudo dos decalques – recorda-me o talento dos eruditos de Jiangnan da Dinastia Ming.

Esta exposição é sem dúvida uma distinta reunião de eruditos. Pretende estimular o meio académico e promover a apreciação da arte e criatividade. Penso que os nossos visitantes irão beneficiar bastante com esta exposição que revela os traços destes eruditos.


Chan Hou Seng
Director
Museu de Arte de Macau