Prefácio










Breve Introdução


Ilustração


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No nono mês do Calendário Lunar, temos um enorme prazer em organizar a exposição de pintura “Lótus Imortal”, dedicada a esta flor, e que reúne vários trabalhos do mestre Jao Tsung-I, em homenagem ao seu 90o aniversário. Sendo o lótus o emblema regional de Macau, esta cidade é o local indicado para organizar esta exposição.

Desde o artigo “Amor de Lótus” de Zhou Dun Yi, que numerosos escritores e artistas adoptaram esta temática. O trabalho do mestre Jao Tsung-I sobre o lótus transmite um estilo de solidez e simultaneamente de grande energia, enquanto outros optariam normalmente pela delicadeza e beleza nas suas obras. O uso liberal e magistral de diferentes estilos, como o estilo “sem-ossos” (figuras coloridas sem linha de contorno), o desenho de “linhas simples”, o “duplo gancho”, o dourado e azul-celeste, o ocre claro, os salpicos de tinta, as pinceladas “reduzidas” e outros, foram inspirados nos estilos de Chen Chun (1484–1544), Xu Wei (1521–1593), Yun Shou Ping (1633–1690), Hua Yan (1682–1756), Li Shan (1686–1762), Wu Chang Shuo (1844–1927) e Qi Bai Shi (1863–1957). A variedade do seu trabalho parece ser uma metáfora dos variados e extraordinários atributos do Buda, representados por trinta e dois sinais, e ainda por oitentas características secundárias, encarnando as quatro virtudes do domínio do dharma – eternidade, felicidade, autocontrole e pureza. A tranquilidade inerente ás obras do mestre Jao transmitem e revelam-nos um coração pacífico.

Os conhecimentos académicos de Jao são extremamente alargados e incluem várias escolas de pensamento. Contudo, os seus conhecimentos académicos não se restringem aos textos estudados pelos eruditos antigos. Algumas das áreas da sua investigação académica incluem oráculos inscritos sobre osso, poemas “Chu Ci”, e o estudo de Dunhuang, só para mencionar alguns; e também a poesia, a literatura, a caligrafia e a pintura enquadram-se no leque de interesses do mestre Jao.

As suas pinturas aparentam ser causais, mas na realidade são pensadas, e as variações são tantas que poderíamos pensar tratar-se de trabalhos de diferentes artistas. O brilho de Jao assemelha-se a uma eterna Primavera, com todos os seus talentos a desabrochar. Com uma profunda e vasta sabedoria, interrogamo-nos quem, nesta linha de capacidade artística, se lhe pode comparar.

As pessoas respeitam o mestre Jao e consequentemente veneram as suas obras, mas a excelência da sua arte por si só merece a nossa profunda admiração. Em certo momento, o artista Mi Fei (1051-1107) comentou que os famosos feitos heróicos dos cinco reis da dinastia Tang – que se haviam tornado além de uma lenda, tema de conversa também uma fonte de bisbilhotice na época – seriam ultrapassados, no tempo, pelas pinturas de Xie Ji (649-713). Assim, sabemos que as pinturas, que são de facto grandes feitos, difundem-se ao longo de muitas gerações. Seguramente, o nome do mestre Jao será sempre um sinónimo de perfeição, e o seu brilho na caligrafia e na pintura será visto pelas gerações do próximo milénio. Estamos certos que a incandescência do mestre Jao durará para a eternidade. Nesta exposição, reunimos alguns dos seus melhores trabalhos sobre o lótus em homenagem ao seu aniversário e, para a fruição do público que as irá admirar. A exposição vibra com uma atmosfera de celebração e, estamos verdadeiramente contentes pelo seu 90o aniversário, fazendo eco dos votos transmitidos pelos nossos compatriotas. O mestre Jao, através do seu inspirado pincel, contentou-nos a todos e esperamos podermos juntar-nos novamente na celebração do seu 100o aniversário.

O apelido do mestre é Jao e os nomes próprios Tsung-I. Contudo, também é conhecido por Gu An e Xuan Tang. De acordo com os antigos textos chineses, “I” significa alimentar; “Gu” representa a estabilidade, certeza e concentração, enquanto que “Xuan” representa escolha. O mestre Jao alimenta e realiza as suas aspirações através da pintura e da caligrafia, e assim alcança a longevidade – desejamos também o mesmo para esta exposição.

Chan Hou Seng
Responsável pela Pintura e Caligrafia Chinesa do Museu de Arte de Macau